MP vai propor ação contra oficiais da PM que pediam doações em Brasília

Brasília (AE) – O Ministério Público do Distrito Federal se prepara para ingressar com uma ação contra sete oficiais da Polícia Militar que cobravam doações de empresários e comerciantes de Brasília e cidades satélites. Os pedidos, enviados por escrito, em papel timbrado da corporação, eram em sua maioria de alimentos, bebidas e doces usados em festas de confraternização dos batalhões. Mas havia de tudo. Até mesmo colchões, peças para decoração e um circuito interno para TV. Em poder do Ministério Público estão 71 destes ofícios, com datas que variam entre 1999 e 2005. Boa parte delas assinada pelos comandantes de batalhão.

A cobrança sistemática de doações veio à tona por causa de um desvio de R$ 32,00. O soldado Jayme Antônio e Silva pediu esta quantia a um comerciante de para a compra de um botijão de gás para a corporação. Ele pegou o dinheiro, mas não repassou para o posto policial, que funciona na Associação Comercial e Industrial de Taguatinga. Foi o que bastou. Uma sindicância foi aberta e, em sua defesa, Jayme argumentou que a prática era histórica. Para comprovar, apresentou os 71 ofícios em que oficiais pediam doações para comunidade. Dos seus 16 anos de corporação, dizia, 14 foram dedicados exclusivamente à cobrança de donativos. O argumento não vingou. Antônio e Silva foi condenado à expulsão.

A lista chegou às mãos do Ministério Público, que prometeu ingressar com uma ação. Entre os documentos apresentados pelo soldado Jayme consta um pedido feito pelo comandante da 19ª Companhia Militar Independente, major Almir Santos. Para comemorar o aniversário do batalhão, realizado dia 18 de agosto, ele solicitou 5 mil salgados de boa qualidade, 200 litros de refrigerentes, 600 guardanapos, 600 unidades de copos descartáveis e frutas. O suficiente para alimentar 800 pessoas, afirmou o comandante. Em outra solicitação, com a mesma festa marcada para o dia 19, a corporação faz outro pedido. Entre os itens, estão 15 caixas de cerveja, carnes e carvão para o preparo de um churrasco.

Nas listas, também são fartos os pedidos para comemorações de festas de fim de ano: com salgadinhos de boa qualidade, perus e lâmpadas pisca-pisca. Ontem (15), depois que denúncias foram veiculadas, o comandante geral da Polícia Militar Renato Azevedo proibiu a cobrança e o recebimento de donativos. Ao anunicar a medida, o comandante fez questão de salientar que também a comunidade se beneficiava das festas. Para a Polícia Militar, não há qualquer problema nesse tipo de pedido, que já se tornou tradição em Brasília. É lícito, afirmam pedir marcas específicas de aguardante. Como consta em um das solicitações . "E isso ocorre não só na polícia, mas em outras instituições", salienta a Comunicação Social da PM. Apesar de não ver problema nestas medidas, a PM não quis dar exemplos de outras instituições que adotam atitude semelhante. Nenhum dos oficiais será afastado, informou a PM.

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