Menos confiança

Coréia do Sul, México, Canadá e Espanha têm muitos usos e costumes diferentes do Brasil, mas pelo menos uma coisa em comum. A pesada desconfiança da população em relação aos governos nacionais.

A pesquisa para detectar esse índice em vinte países foi encomendada pelo Fórum Econômico Mundial e, no Brasil, coordenada pela empresa Market Analysis, com a feitura de 808 entrevistas com moradores de oito capitais.

O dado é alarmante, ou nem tanto, mas o Brasil é o país com a maior queda de confiança da população no governo, entre os anos de 2004 e 2005. O ranking de confiança no governo é estabelecido com base no resultado da subtração do percentual de entrevistados que manifestam confiança do percentual que afirma não confiar.

Em 2004, o índice brasileiro era de oito pontos positivos, mas esse ano houve uma redução vertiginosa de 64 pontos, fazendo com que o País totalize menos 56 pontos no índice de confiança no governo.

As entrevistas foram realizadas entre junho e julho e a computação das informações revelou que 22,5% dos entrevistados declararam confiar no governo, ao passo que 77,1% optaram pela desconfiança. A diferença, portanto, é de 54,6 pontos percentuais e o número ainda subiu para 56 no relatório final, em face da retirada da parcela dos que não tinham opinião formada.

Os analistas acharam o índice elevado e argumentaram que certamente resultam do impacto causado pelas denúncias do mensalão e escândalos financeiros praticados por dirigentes do Partido dos Trabalhadores. Todavia, advogam a imediata correção dos desvios éticos e morais que levaram o Brasil a sofrer desastrosa queda de confiança no governo, nos últimos dois anos.

Cabe ao governo, como primeiro interessado na correção dos rumos institucionais, a adoção de medidas enérgicas para apurar a verdade, punir os responsáveis, afastando-os da vida pública, sem o descarte das penas de privação da liberdade, sob o talante de tornar-se ainda mais desprezível.

A pesquisa Ibope mostrando a vitória de Serra já no primeiro turno, se a eleição fosse hoje, associada a esta do Fórum Econômico Mundial, servem ao governo Lula como alerta da perigosa elevação da temperatura do moribundo.

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