Mário dos Santos em busca do ouro na marcha do Pan

Mergulhar as pernas num balde de gelo após marchar 50 quilômetros já virou rotina na vida de Mario José dos Santos Júnior, de 28 anos, e prata na distância no Pan de Santo Domingo/2003.

O método e ajuda a aliviar a fadiga muscular. E sempre é realizado no improviso. ?Em Santo Domingo, estava tão desgastado que senti minhas articulações travarem. Usei uma balde de lixo enorme e despejei sete sacos de gelo assim que cheguei na vila pan-americana?, lembra. Mas só conseguiu ficar dentro dele por 30 segundos.

No dia da competição, a temperatura chegava aos 42 graus. Ele sentiu-se mal quando seu corpo aqueceu demais e teve tremedeira. ?A 300 metros da linha de chegada não sabia se conseguiria completar a prova. Estava esgotado?, conta. Numa prova como essa ele chega a perder quatro quilos. Por isso, faz sete refeições diárias, além de cuidar da hidratação e usar gel de maltodextrina (carboidrato que repõe a energia).

Além de entrar para história da modalidade – sua prata foi a primeira medalha do País nos Jogos -, outras duas cenas ficaram registradas em sua memória. ?Estava tão eufórico que só fui acreditar que tinha subido ao pódio quando sentei no ônibus de volta para vila pan-americana. Olhei para o mar e comecei a chorar.

A outra boa lembrança foi proporcionada por seu patrocinador. Um dia antes da prova perguntou a ele o queria de presente se ganhasse uma medalha. E um animal da raça dog de bourdeaux chegou à casa de Mário, com quatro meses de vida.

É com o cão que o marchador gosta de brincar nos momentos de folga depois dos puxados treinos diários (dois períodos) que chegam a 200 km por semana em São Caetano. O cachorro só o acompanha nos passeios curtos, porque é ?pesadão e preguiçoso?.

Natural de Cubatão, ele deu seus primeiros passos no atletismo aos oito anos. E entrou na marcha aos 12, porque queria participar de uma competição em Valinhos, mas não tinha vaga nas provas curtas. ?Fui aprender a marchar no aquecimento.? Terminou em sétimo e três meses depois foi campeão paulista.

Na adolescência, diz que sofreu preconceito por ter escolhido a marcha. ?Sempre alguém brincava dizendo que estava rebolando, que não era esporte de homem. Hoje não me incomodo.? Líder do ranking nacional, seu melhor tempo nos 50 km é 3h58. Mário tem até 22 de abril, na Copa Pan-Americana, no Balneário de Camboriú para garantir vaga no Pan do Rio.

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