Lula tem 17 governadores aliados

O resultado das urnas mostrou ontem a fragmentação do poder entre os principais partidos do País. Somados os resultados das votações nos dois turnos, o PMDB teve o melhor desempenho, vencendo em sete Estados. Mas essa diferença foi pequena em relação à fatia de poder conquistada regionalmente pelo PSDB (seis governadores) e pelo PT (cinco). Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a boa notícia é que pelo menos 17 dos 27 governadores estão alinhados politicamente com o Palácio do Planalto.

No primeiro turno, 17 Estados já tinham decidido suas eleições e ontem mais dez concluíram esse processo. Agora, o PMDB venceu em três Estados: Paraná (Roberto Requião), Rio de Janeiro (Sérgio Cabral) e Santa Catarina (Luiz Henrique da Silveira). Os tucanos ganharam em outros dois: Rio Grande do Sul (Yeda Crusius) e Paraíba (Cássio Cunha Lima). O PSB se saiu melhor em dois lugares: Pernambuco (Eduardo Campos) e Rio Grande do Norte (Wilma Faria).

Três partidos dividiram as outras disputas realizadas ontem. O PT venceu no Pará, com Ana Júlia Carepa; o PP levou a melhor em Goiás, com Alcides Rodrigues e o PDT ficou com o governo do Maranhão, com Jackson Lago.

A eleição também deixou clara a vantagem de candidatos que disputaram a reeleição no cargo. Além da própria reeleição do presidente Lula, os governadores souberam aproveitar o fato de participar da eleição sem precisar deixar o comando do Poder Executivo. Dos 16 governadores que tentaram conquistar um novo mandato, 12 deles se reelegeram.

Outros dois, Alcides Rodrigues e Mendonça Filho (PFL), eram vice-governadores de Goiás e Pernambuco, respectivamente e assumiram o governo por causa da desincompatibilização dos titulares do cargo, Marconi Perilo e Jarbas Vasconcellos, que decidiram disputar vaga para o Senado. Aproveitando os meses em que ficou no cargo, Alcides também garantiu sua permanência no poder. Mendonça Filho chegou ao segundo turno, mas perdeu para Eduardo Campos.

Apesar da vantagem de estarem no poder, não conseguiram se reeleger os governadores do Rio Grande do Sul (Germano Rigotto), Ceará (Lúcio Alcântara), Paulo Souto (Bahia) e João Alves Filho (Sergipe). Além de perderem a disputa, sequer conseguiram participar de uma disputa em segundo turno.

Na prática, o bom desempenho de PMDB e PSDB nas vitórias dos governadores repete o que já havia ocorrido nas eleições passadas. Para os tucanos, se a Presidência ficou mais uma vez distante, pelo menos em locais importantes, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o controle político ficou assegurado, garantindo uma boa base para a votação nacional de 2010. Além disso, a vitória de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul acabou se tornando uma surpresa para o PSDB.

As maiores novidades, porém, são o crescimento nacional do PT e o encolhimento do PFL. Com cinco governos conquistados em todo o País, os petistas conseguiram pegar carona política no excelente desempenho eleitoral de Lula e bateram seu recorde em número de Estados conquistados. Até então, a melhor marca do PT era três. Agora, o PT vai governar Bahia, Piauí, Acre, Sergipe e Pará. Terá ainda o reforço do apoio do aliado PSB, que terá três governos (Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco).

Já o PFL iguala seu recorde histórico negativo, de 1986, quando ganhou apenas em Sergipe. Na ocasião, o partido foi massacrado pelo PMDB, que venceu nos outros 22 Estados da disputa (apenas 23 unidades federativas tinham eleições para governo na época), impulsionado pelos efeitos positivos do Plano Cruzado, lançado pelo então presidente José Sarney, do PMDB. Agora, os pefelistas passarão a administrar apenas o Distrito Federal, onde José Roberto Arruda venceu logo no primeiro turno.

No caso do Maranhão, o resultado marca a derrota histórica do clã Sarney. Depois de ter governado o Estado em duas ocasiões anteriores e de ter sido a primeira mulher da história do Brasil a se eleger governadora, Roseana, dessa vez, foi batida por Jackson Lago (PDT), apesar de ter recebido o reforço do presidente Lula no seu palanque na reta final.

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