Lula planeja pedir dois anos de trégua à oposição

Depois que encerrar a reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai procurar se reaproximar da oposição. Em conversa com um interlocutor, na quarta-feira passada, Lula confidenciou que deve estreitar as relações com os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, e se dispôs até mesmo a conversar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que seja pactuada uma trégua de pelo menos dois anos.

O deputado José Aníbal (PSDB-SP) garantiu que o ex-presidente não se oferecerá, mas se for convidado aceitará conversar com Lula, por uma questão de princípio – não se recusa convite de presidente da República para discutir questões de interesse do Brasil. ?Fernando Henrique já deixou muito claro que convite ao diálogo feito por presidente não se recusa?, explicou Aníbal. ?Ele aceitaria dialogar, não tenha dúvida, e já deixou isso muito claro para mim.? Procurado no fim da tarde de ontem, o ex-presidente Fernando Henrique não foi encontrado.

Até mesmo aos pefelistas – hoje oposicionistas mais ferrenhos e menos ciclotímicos do que os tucanos – seriam enviadas mensagens de paz. Em recente passagem pelo Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, onde se submeteu a uma bateria de exames, Lula fez questão de passar para fazer uma visita ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que passou dias internado com pneumonia. O cacique baiano deu sinais de valorizar a gentileza. ?Eu não vou esquecer desse gesto?, afirmou o senador.

O Palácio do Planalto não deseja que se enxergue o aceno a tucanos e pefelistas como uma espécie de cooptação. Na verdade, o que Lula espera é criar as condições políticas para governar em um clima de pouca tensão entre governo e oposição e que possa permitir ao País um crescimento mais efetivo. Ele não quer repetir o clima do primeiro mandato, quando o seu governo ficou como uma ilha, cercado de denúncias por todos os lados, por conta da revelação de irregularidades.

Em contrapartida, Lula estaria disposto a fazer um governo menos petista e mais plural, que negociasse com a oposição sempre que necessário. ?O presidente já percebeu que paira acima dos partidos e agora quer atrair a oposição?, resumiu o interlocutor após a conversa com Lula. Se a estratégia funcionar, Lula teria as condições políticas ideais para permitir que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deslanchasse.

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