Lula negocia com aliados para ter maioria no Congresso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu pessoalmente ontem as negociações para a montagem do novo ministério, na tentativa de garantir maioria no Congresso para seu segundo mandato. De manhã, Lula recebeu no Planalto o governador reeleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), o senador José Maranhão (PMDB-PB) e o líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE).

Ficou claro que os prováveis aliados têm fome de cargos e já iniciaram uma disputa para ver quem fica com a maior fatia do governo. Sem nenhuma cerimônia, PP e PSB seguiram os passos do PMDB e reivindicaram ampliar seu espaço do primeiro para o segundo mandato.

O PTB, que ao contrário dos outros encolheu na eleição de outubro, insinuou para Lula que quer manter sua cota. Múcio levou ontem ao presidente ‘apoio à governabilidade’, promessa de fidelidade próxima de 97% dos 23 deputados eleitos e a afirmação de que a permanência de Mares Guia será muito bem recebida pela bancada. "Ninguém desconhece que o ministro Mares Guia mudou o turismo no Brasil", afirmou Múcio. "O Mares Guia nem é mais um ministro do PTB, mas do próprio presidente Lula.

Já o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA), foi transparente ao dizer o que o partido deseja. "Vamos reivindicar o nosso espaço. Vamos querer ampliar." Hoje o PP tem o Ministério das Cidades. Quer manter a indicação e obter a Integração Nacional e os Transportes. "O próprio presidente disse que fará uma coisa justa. É óbvio que ele não vai querer a base insatisfeita.

Cidades, Integração e Transportes, mais o da Saúde, são os ministérios que se transformaram em objeto do desejo de todos os aliados. O das Cidades, por exemplo, que foi criado por Lula e inicialmente ocupado pelo petista Olívio Dutra, é disputado por PMDB, PP e PT – este último o quer de volta e já tem até candidata ao cargo, a ex-prefeita Marta Suplicy.

O PMDB elegeu 89 deputados, a maior bancada na Câmara, e deverá manter o maior número de senadores. Considera-se candidato natural a ocupar os grandes ministérios. Mas o PP, que tem 42 deputados e nenhum senador, considera-se no mesmo direito. Negromonte disse que vai reclamar se o PMDB tiver muito mais espaço do que os outros partidos aliados. "É claro que todo mundo vai gritar.

O PSB tem o Ministério da Ciência e Tecnologia. Quer mais. E apresenta como contrapartida sua fidelidade. "Merecemos espaço maior porque sempre fomos fiéis, elegemos 27 deputados e 3 governadores", disse o vice-líder Beto Albuquerque (RS). "Sempre fomos fiéis, ao contrário desses outros partidos, que vivem prometendo votos, mas não os têm.

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