Tecnologia combate pirataria

São Paulo – Contra a proliferação do mercado de CDs e DVDs piratas, o governo espera contra-atacar com tecnologia -de preferência, nacional. Em reunião com representantes da indústria, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) acertou a liberação de R$ 500 mil para fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias que impeçam – ou dificultem – a reprodução ilegal das mídias de som e imagem. Entre as medidas de repressão adotas contra a pirataria no País, esta será a primeira voltada para a inovação tecnológica.

A quantia está disponível e deverá contar com uma contrapartida de empresas do setor para constituição de um fundo, segundo o assessor especial e coordenador do Grupo de Trabalho Antipirataria no MCT, Marcelo Lopes. “É uma convocação para que os institutos de pesquisa se dediquem ao tema.” O primeiro passo será a prospecção de tudo que é feito em pesquisa nessa área, no Brasil e no exterior. Tecnologia antipirataria para discos não é novidade, mas permanece um desafio para a indústria. Para cada dispositivo de segurança desenvolvido, os hackers da pirataria rapidamente criam uma artimanha capaz de superá-lo. “É uma corrida de gato e rato o tempo todo”, afirma Mario Daud Filho, gerente-jurídico da Videolar, que domina 75% do mercado nacional na fabricação de CDs e DVDs. Os mais usados são métodos de criptografia, que embaralham o conteúdo do CD no momento em que alguém tenta copiá-lo, impedindo a reprodução. Como qualquer código, entretanto, este também pode ser quebrado. “Não há ainda uma tecnologia 100% eficiente”, aponta Lopes. “Em vez de pagar por tecnologia de fora, podemos pagar para desenvolver nossa própria tecnologia e, quem sabe, até exportar.”

Daud considerou “louvável” a iniciativa, especialmente no momento em que o Brasil é cobrado pela aparente “leniência” no combate à pirataria. Segundo ele, cerca de 50% dos produtos no mercado contêm criptografia antipirataria.

O ministério também avaliará o potencial tecnológico e econômico de uma iniciativa do cantor sertanejo Ralf, da dupla Christian & Ralf, que desenvolve um projeto piloto para produção de CDs menores, com menos músicas e mais baratos.

“O mercado legítimo já foi reduzido à metade nos últimos cinco anos, enquanto o mercado pirata não pára de crescer”, diz o diretor-geral da Associação Brasileira dos Produtores de Discos, Paulo Rosa. Justamente por causa do orçamento reduzido, o setor preferiu não participar da iniciativa do MCT.

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