Sindicato pede garantia de emprego em pacote anticrise

Dirigentes das maiores centrais sindicais do País vão encaminhar ao governo federal um documento com propostas de garantia de emprego para a classe trabalhadora no atual momento de crise financeira global. Uma das idéias é o estabelecimento de uma cláusula que impeça a demissão de trabalhadores nos setores que estão recebendo auxílio financeiro da União para enfrentar os impactos da crise. Os líderes sindicais estão reunidos nesta segunda-feira (17) em São Paulo para concluir o documento que será apresentado, nos próximos dias, aos ministros do Trabalho, Carlos Lupi, da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além da idéia de atrelar a liberação de recursos à garantia de emprego, os sindicalistas afirmam estar preocupados que a crise – que já motiva convocação de férias coletivas e licenças remuneradas – comece a ocasionar demissões em massa no inicio do próximo ano. “O setor automotivo recebeu R$ 8 bilhões dos governos federal e estadual”, disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, em referência às linhas de crédito do Banco do Brasil e da Nossa Caixa oferecidas aos bancos de montadoras. E questionou: “Custaria o governo colocar uma cláusula de garantia do emprego aos trabalhadores?”

A contrapartida proposta pelos sindicatos valeria para o repasse de qualquer recurso público para ampliar a liquidez do sistema bancário ou crédito ao setores produtivos.

Os representantes dos trabalhadores propõem ainda que os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e dos bancos públicos sejam investidos em habitação e saneamento. Isso funcionaria como uma contrapartida social ao uso desses recursos públicos para ajudar as empresas.

O documento traz ainda outras 16 reivindicações que aliviariam os possíveis impactos da crise no emprego e na renda dos brasileiros. Os sindicalistas também reforçam pedidos já feitos ao governo federal, como a ampliação do número de parcelas do seguro-desemprego para até dez meses. Hoje, o seguro é pago em até cinco parcelas. Os dirigentes devem agendar, ainda esta semana, uma audiência com o ministro do Trabalho e aguardam também uma data para tratar do assunto com o presidente Lula.

O encontro das centrais sindicais para finalizar o documento acontece desde a manhã de hoje, na sede da União Geral dos Trabalhadores (UGT), no centro da capital paulista. Participam do encontro representantes da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única do Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e UGT.