Produção industrial teve pior atuação em maio

Rio

(AE) – A produção industrial interrompeu em maio a trajetória de recuperação iniciada em dezembro e caiu 5,1% ante abril, a maior queda em sete anos na comparação com o mês anterior. O nível de atividade do setor registrou retração em todos os indicadores da pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve redução também no confronto com maio do ano passado (-0,9%), no acumulado do ano até maio (-0,3%) e em 12 meses (-1,2%).

A perda de ritmo de atividade do setor não surpreendeu e já havia sido projetada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) no final do mês passado. O chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Silvio Sales, lembrou que o setor vinha sendo castigado desde o ano passado pelos limites impostos pela queda da renda e a alta dos juros.

Em maio houve uma “alteração de cenário” para pior, com crescimento da desconfiança dos investidores e da instabilidade do câmbio. “Essa mudança pode estar refletida nesses números”, afirmou.

Ainda que a queda em maio ante mês anterior tenha sofrido em parte o efeito da elevada base de comparação de abril (crescimento de 4,5% sobre março), Sales ressaltou que também os indicadores que anulam esses efeitos estatísticos deixaram clara a interrupção do processo de recuperação do setor. O principal deles é o que indica que o mês de maio registrou o menor nível de produção do ano até o momento, sendo 2,1% inferior à média dos quatro primeiros meses do ano.

Além disso, o principal sinal de tendência da produção, que é a média móvel trimestral, acompanhou os demais indicadores e apresentou reversão de trajetória. O trimestre encerrado em maio registrou queda de 0,4% na atividade industrial ante os três meses encerrados em abril. Foi a primeira redução nessa comparação desde dezembro do ano passado.

A queda em maio ante abril foi generalizada, estendendo-se por 16 dos 20 segmentos pesquisados pelo IBGE. A produção continua despencando no segmento de material elétrico e de comunicações (-8,9%). Impactos negativos foram dados também pela indústria mecânica (-8,8%), produtos alimentares (-5,7%), material de transporte (-7,6%) e metalúrgica (-4,6%).

As quatro categorias de uso apresentaram retração em maio, com destaque para bens de consumo duráveis (-12,9%). A produção de bens de capital também apresentou queda no período (-9,7%), assim como os bens de consumo não duráveis (-8,0%) e os bens intermediários (-2,2%).

Exceção

A indústria extrativa mineral evitou um desempenho ainda pior do setor em geral em maio, puxada especialmente pelo bom desempenho de petróleo e gás natural. Segundo destacou Sales, caso este ramo da indústria não apresentasse um acréscimo de 2,8% na produção em maio ante abril a queda do setor em geral no mês teria sido ampliada de -5,1% para -6,4%.

Além disso, esse segmento apresentou crescimento de 18 8% na produção em maio ante igual mês do ano passado, evitando também nesse caso uma queda ainda maior do setor (-0,9% nessa base de comparação). “

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