Mercado teme o “efeito dominó”

Rio

(AG) – A crise de confiança que abala o mercado financeiro americano pode derrubar a economia global. Os analistas temem que as perdas nas bolsas provoquem uma redução no consumo e nos investimentos privados nos EUA, com forte impacto sobre o crescimento do PIB (soma de todas as riquezas do país). As estimativas para a expansão do país em 2002, que eram de 2,5% no começo do ano, podem ser rebaixadas para até 1,5% após a divulgação dos balanços trimestrais, muitos dos quais só agora ajustados, com os resultados das empresas nos primeiros meses do ano.

Um crescimento um ponto percentual menor na economia americana significa que US$ 100 bilhões em riquezas deixarão de ser gerados. Os Estados Unidos respondem por um terço do PIB mundial e são o principal mercado para as exportações de quase todos os países do mundo. No caso do Brasil, os EUA compram 25% de nossas vendas externas.

O problema é que os bilhões de dólares que deixaram os EUA rumo à Europa e ao Japão dificilmente vão sustentar, nesses países, um crescimento pujante. O Japão amarga cinco anos de recessão e a Europa, segundo os economistas, não terá fôlego para assumir o posto, até agora ocupado pelos EUA, de locomotiva do crescimento global.

– A Europa não tem o mesmo dinamismo. O peso para o mundo da desaceleração nos EUA será bem maior do que um possível aquecimento na Europa. O Velho Continente poderá apenas aliviar um pouco o freio imposto pelos EUA – diz o economista Otaviano Canuto, da Unicamp.

Ele explica que o ritmo de crescimento da Europa dependerá da postura das autoridades monetárias do bloco econômico. A migração de recursos dos EUA garante um euro mais forte e, portanto, menos pressão sobre a inflação da região. Isso abre espaço para uma queda mais rápida das taxas básicas de juros, o que incentivaria o crescimento econômico.

Canuto considera difícil, porém, uma postura mais ativa nas políticas fiscais, medida que já foi defendida por economistas como o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz. Na sua opinião, seria complicado coordenar um afrouxamento nas metas de resultado fiscal dos países do bloco.

Voltar ao topo