Lula pede empenho para o sucesso do programa

Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a empresários do setor siderúrgico empenho para garantir o sucesso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). ?Temos de participar e agir com mais determinação, avaliar os questionamentos?, afirmou o presidente, de acordo com um dos participantes do encontro com dirigentes do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), no Palácio do Planalto.

Ao ouvir sugestões dos empresários do setor siderúrgico, Lula disse que é preciso ?se armar tecnicamente? para enfrentar o debate político. ?Tem muitos direitos difusos que atrapalham o direito de criar empregos?, disse o presidente conforme o relato de empresários. ?É preciso construir hidrelétricas e dragar portos?, afirmou.

?A sociedade brasileira tem de ter otimismo, acreditar e não ser pessimista?, completou o presidente ao mostrar aos empresários as dificuldades para o andamento de obras e propostas. Ele, no entanto, não mencionou nem a oposição nem o Ministério Público, que freqüentemente tem bloqueado o andamento de obras por questões ambientais.

No encontro, o empresário Jorge Gerdau fez uma contundente defesa do PAC durante a audiência: ?Quando falam do meu apoio ao plano, tem gente que até me chama de chapa branca?.

Neste momento, o presidente da Arcelor Brasil e amigo de Gerdau, José Armando de Figueiredo Campos, brincou: ?Chapa branca, não. Todos sabem que o senhor é candidato a ministro?. Lula, segundo relatos dos participantes, apenas ouviu o comentário.

Tanto o presidente como os empresários demonstravam descontração. ?Ao contrário do que dizem, o plano tem diretrizes claras e medidas concretas?, avaliou em entrevista após o encontro o empresário José Armando Figueiredo Campos. ?Não estamos defendendo o capitalismo selvagem, mas o crescimento rápido da economia?, disse ele.

Bancos querem parte do fundo de infra-estrutura

São Paulo (AE) – Os grandes bancos que operam no mercado brasileiro de crédito não ficaram satisfeitos com a forma dada pelo governo federal ao fundo para financiar infra-estrutura com recursos do FGTS, concebido no âmbito do PAC. As instituições se sentiram preteridas no projeto e vão tentar participar do fundo como distribuidoras dos recursos – que podem ir de R$ 5 bi a R$ 18 bi – junto com a Caixa Econômica Federal (CEF).

O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito e Poupança (Abecip), Décio Tenerello, não vê razão para que a CEF tenha exclusividade sobre a distribuição dos recursos, pois o sistema financeiro privado demonstrou ter competência para isso. ?Ninguém está querendo excluir a Caixa ou dizer que eles não têm competência. O que queremos é igualdade de condições para o sistema financeiro privado?, diz o presidente da associação.

Para Tenerello, o governo devia se espelhar no sistema de desembolso do recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é feito também por bancos privados. ?Até dois anos atrás, o grande financiador com recursos do BNDES era o Banco do Brasil, hoje é o Bradesco?, ressalta.

De acordo com o presidente da Abecip, os bancos tentarão, no Congresso Nacional, modificar a MP que cria o fundo para incluir entre os distribuidores os integrantes do sistema financeiro privado. ?Vamos tentar fazer essa modificação no Legislativo, mas também dentro do conselho curador do FGTS, que terá uma comissão só para discutir o assunto?, informa o presidente da Abecip, que também é vice-presidente do Bradesco.

Antes de se iniciar a queda-de-braço entre bancos e governo no Congresso, será necessário se chegar a um consenso no Supremo Tribunal Federal (STF), onde já foi ajuizada, pela Força Sindical, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade(Adin) que pretende provar a ilegalidade do projeto. ?É ilegal, porque a Lei que institui o FGTS foi muito clara quanto a origem e destino dos recursos: só pode fazer financiamento com esses recursos para saneamento e casa própria?, avalia Tenerello.

Para Furlan, crescimento será gradual

?O Brasil não é uma McLaren que atinge 100 quilômetros por hora em três segundos.? Com essa afirmação, o ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, Luiz Fernando Furlan (que está em Davos), rebateu o ceticismo de boa parte dos analistas do mercado com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). ?Como o nome do plano diz, ele tem o objetivo de acelerar o ritmo de crescimento?, explica. ?A expansão de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) não virá de forma imediata, mas gradualmente.?

Furlan disse que ficará ?muito satisfeito? se a economia crescer 4,5% até dezembro. ?Em 2007, o Brasil entrará em sua rota de cruzeiro, com um crescimento em torno dos 5%.?

São vários os motivos para se ter uma expectativa otimista com a economia brasileira em 2007, argumentou. ?O PAC é maravilhoso e o setor agrícola vai ter um ano excelente?, disse. ?E no setor industrial, por exemplo, os sinais são de que o setor automotivo vai quebrar seu recorde de vendas para o mês de janeiro.?

Sobre o impacto do câmbio nas exportações, o ministro disse que o setor exportador ?já se conformou? com a cotação do real. ?O importante para os exportadores é a previsibilidade, para eles planejarem seus negócios sem surpresas?, disse. ?O real tem sido uma das moedas com menor volatilidade no mundo.?

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