Lula pede criatividade e vontadade para ministros

Brasília

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a queixar-se de reclamações de ministros por falta de dinheiro, e cobrou criatividade e vontade da equipe para mobilizar a sociedade. A queixa foi feita durante a solenidade de apresentação do programa Segundo Tempo e Seus Parceiros. “Eu acho que nós temos a oportunidade de fazer a revolução silenciosa no País. Parar aquele negócio de reclamar. O prefeito não faz, o governador não faz, o presidente não faz, o ministro não faz. Nós fomos transformados numa sociedade de pedintes e dependentes. Temos um mundo para dar, mas achamos que não é conosco, é com o outro, e, portanto, não fazemos nada”, disse.

Lula acrescentou: “Nós podemos mudar a história desse País sem dinheiro.” Ele criticou a falta de disposição dos dirigentes políticos que só esperam por recursos para agir. Segundo ele, há governantes que só se sentiriam satisfeitos se governassem um país com um PIB igual ao dos Estados Unidos e um território do tamanho da Ilha de Marajó. O presidente disse que, antes mesmo das eleições de 2002 estava convencido de que o Brasil não resolveria as questões nas áreas de cultura, esporte e educação sem a participação de toda a sociedade.

“Você ter mais dinheiro do que precisa é fácil fazer as coisas. Duro é uma mulher com três filhos mais o marido sobreviver com R$ 240 por mês. E sobrevive. O que faltava no Brasil não era dinheiro, era compromisso político de fazer as coisas que vocês estão fazendo”, disse o presidente, que elogiou o ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, que comanda um dos ministérios com menos recursos da Esplanada.

“Em nenhum momento, mesmo quando houve contingenciamento, o Agnelo reclamou. Se você não tivesse feito mais nada, só a parceria que você fez em Feira de Santana (para uso das escolas em programas culturais e esportivos) já teria valido a pena”, elogiou Lula. Lula disse ainda que a institucionalidade prejudica a resolução dos problemas que o Brasil tem na área de Cultura, Esporte e Educação.

“Se a gente for esperar só do dinheiro do Orçamento da União, dos estados e municípios, não acredito que se resolva isso nem em 40 ou 50 anos”, afirmou o presidente, para incentivar os empresários a participarem dos programas do governo e de iniciativas que, em tese, seriam do poder público.

O presidente disse que quando sobrevoa Brasília “nunca viu tanta piscina sem gente” e que enquanto isso muitas crianças e adolescentes nunca entraram numa piscina. Irônico, Lula começou o discurso brincando com as dificuldades de fazer cerimônias como aquela depois do almoço: “Quero dizer para vocês que não estou nem com vontade de ler isso aqui, porque se eu ler e tiver alguém cochilando eu vou ficar nervoso”.

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