Lula diz que controlou “bicho-papão” da inflação

São Paulo

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante solenidade de abertura da Francal 2003, afirmou ontem que é possível dizer que o “bicho-papão” da inflação está controlado. Ele ressaltou, entretanto, que somente o controle do ritmo de reajustes de preços não é suficiente e que o Brasil precisa voltar a crescer e gerar riquezas e empregos. Lula lembrou que, em dezembro do ano passado, havia uma perspectiva “sombria” para o país e que a expectativa era de ser trabalhar com uma inflação de 40% para os 12 meses seguintes.

“Hoje, eu e qualquer membro do governo podemos vir a uma feira, a uma exposição como esta, e dizer para vocês que o bicho-papão da inflação está controlado e nós iremos trabalhar com uma taxa de inflação de 7% e, até quem sabe, um pouco menos, a depender da nossa capacidade de manter as contas do governo mais ou menos controladas. Mas isso é muito pouco”, disse ele, ressaltando a necessidade de retomar o crescimento.

O presidente ressaltou que o Brasil não pode “abrir mão nem jogar fora nenhuma oportunidade”. Nesse contexto, ele ressaltou o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, com o objetivo de expandir as vendas brasileiras para outros países. “Eu acho que, poucas vezes na história do Brasil, um ministro da Indústria e Comércio Exterior tem viajado o tanto que tem viajado o nosso Furlan. E ele tem viajado pois temos consciência de que é preciso abrir novos mercados para o Brasil”, disse ele. Também participaram da solenidade o governo do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, a prefeita da cidade, Marta Suplicy, e dirigentes de entidades do setor.

Lula também descartou uma intervenção do governo no câmbio. Apesar de vários setores da economia brasileira, principalmente o de exportação, reivindicarem uma atuação do governo para impedir a sobrevalorização excessiva do real, Lula disse que não se pode “decretar” o valor da flutuação do dólar. “Da parte do governo federal, haverá toda a facilidade (para as exportações). Nem eu e nenhum ministro podemos decretar que o dólar vai ser tanto. O que nós trabalhamos é que o dólar encontre sua estabilidade e garanta que os nossos produtos tenham competitividade (com o mercado exterior)”, afirmou Lula durante discurso na Francal.

Pouco antes de Lula falar, o presidente da Associação Brasileira de Calçados, Elcio Jacomette, havia reclamado do valor do dólar e aos incentivos dados pelo governo aos exportadores. No discurso, Lula respondeu às queixas. De acordo com o presidente, o setor estaria pensando que “seria necessário que o dólar não caísse tanto para exportar mais”. Lula disse que o governo vai fazer “todo o esforço” para garantir as exportações brasileiras”.

Lula vai à Europa para esclarecer

Brasília

– A atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desperta tanta curiosidade na Europa que sempre se ouve perguntas sobre a reforma da Previdência e, mais do que isso, sobre a rígida política econômica capitaneada pelo PT, tida como neoliberal. Alertado por seus auxiliares, Lula aproveitará a viagem de uma semana, que começa hoje, por três países da Europa (Portugal, Inglaterra e Espanha) para reforçar seu marketing “paz e amor” e esclarecer que tem feito tudo o que precisa para tirar o Brasil da crise, sem rótulos ou ideologias.

“Não podemos falar em Terceira Via quando não temos nem a primeira nem a segunda”, insiste Lula desde os tempos em que era candidato ao Palácio do Planalto. Mesmo com críticas públicas ao que se convencionou chamar de alternativa entre o liberalismo e a social-democracia, o presidente estará ao lado do primeiro-ministro britânico Tony Blair na reunião de cúpula da Terceira Via – hoje batizada de “Governança Progressista”. O encontro será realizado no domingo e na segunda-feira em Surrey, nas imediações de Londres.

Antes de partir para Madrid, Lula dará aula inaugural aguardada com grande expectativa, na imponente London School .

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