Juros impedem redução do endividamento

Foto: Agência Brasil

Ronnie Tavares, do Tesouro: conjuntura favorável.

A correção da dívida em R$ 11,6 bilhões por conta da incorporação de juros impediu que o endividamento do Tesouro Nacional em títulos tivesse uma redução em outubro, apesar de o governo ter resgatado R$ 10,4 bilhões em papéis que estavam no mercado. No mês passado, o valor total da dívida teve uma ligeira alta, passando de R$ 1,062 trilhão para R$ 1,063 trilhão. No ano, a incorporação de juros ao estoque da dívida soma R$ 117,5 bilhões e o débito total só não cresceu na mesma proporção devido aos resgates líquidos efetuados pelo Tesouro no período.  

Um dos destaques do comportamento da dívida em outubro, cujos dados foram divulgados ontem pelo Tesouro, foi o aumento da demanda dos investidores por papéis prefixados. Esse movimento permitiu que a fatia desses títulos no total da dívida ficasse estável, com pequena variação, de 32,83% para 32,85%, de setembro para outubro. Normalmente, em outubro, a participação desses papéis costuma cair, por causa da forte concentração de vencimentos.

Segundo o coordenador-geral da dívida pública, Ronnie Tavares, o apetite dos investidores pelos prefixados foi aguçado pela conjuntura econômica favorável, tanto no Brasil quanto no exterior. Assim, o governo conseguiu cobrir com títulos da mesma natureza todo o vencimento de R$ 34,3 bilhões desses papéis.

Tavares observou que a eleição presidencial não teve nenhum impacto no apetite dos investidores. ?Provavelmente foi a eleição mais tranqüila do ponto de vista da dívida?, disse ele. Ele acredita que a participação dos prefixados deve continuar crescendo também devido à preferência dos investidores estrangeiros por esses papéis.

O Tesouro prefere trabalhar com papéis prefixados porque eles permitem maior previsibilidade à administração da dívida e dos gastos com juros. No entanto, como tem o rendimento definido no momento da emissão, os prefixados têm feito com que a despesa do Tesouro com juros caia mais lentamente do que a taxa básica de juros, a Selic.

Segundo o estrategista da ARX Capital, Sérgio Goldenstein, a parcela prefixada da dívida vai continuar aumentando à medida que a taxa Selic continuar caindo. Goldenstein, que já foi chefe do Departamento de Mercado Aberto (Demab) do Banco Central, explica que a queda dos juros torna mais atrativos os papéis com renda fixa e de prazos mais extensos, já que eles garantem ao investidor uma remuneração elevada, por mais tempo, enquanto os rendimentos das aplicações em geral tendem a diminuir. 

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