Indústria gráfica aposta em mais exportações

A indústria gráfica brasileira quer entrar de vez no mercado internacional e passar a competir diretamente com países como Hong Kong, Tailândia, Espanha, Itália, entre outros. “O Brasil não tem tradição na indústria gráfica lá fora. Temos que mudar isso”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Mário César de Camargo, ontem, durante coletiva da Feira Internacional de Papel e Indústria Gráfica (Fiepag), que abriu ontem e prossegue até sábado, no pavilhão do Anhembi, em Sâo Paulo (SP).

De acordo com Camargo, o Brasil conta com preços atraentes e pode competir com os demais países. “Preços competitivos nós temos. O problema é com relação aos fatores que penalizam a indústria brasileira, que é a carga tributária altamente burra porque penaliza a produção e os juros de financiamento”, comentou.

Em dezembro último, a Abigraf assinou em conjunto com a Apex e o Sebrae termo para criação de consórcios de exportação, que têm como objetivo principal comercializar mais com menor risco para as indústrias brasileiras. A princípio, cinqüenta indústrias fazem parte do consórcio. Segundo Camargo, já chegaram solicitações de cotação do Equador. A meta é passar dos atuais US$ 150 milhões exportados por ano para US$ 250 milhões, em um prazo de três anos, investindo-se principalmente nos segmentos de editorial, promocional, embalagem e papelaria. O investimento no consórcio é de R$ 7 milhôes – 80% da Apex e do Sebrae.

Valor agregado

Para o Brasil deslanchar de vez na exportação da indústria gráfica, o presidente da Abigraf defende sobretudo o valor agregado. “A tonelada do papel é exportada por US$ 700, mas basta ele passar pela impressão e virar um livro, que o valor sobe para US$ 2 mil”, comparou. “A gente tem que parar de exportar apenas matéria-prima.”

“Temos tecnologia compatível com a dos produtos estrangeiros e, em alguns casos, nossos preços são 30% a 40% inferiores”, completa Miguel Rodrigues Neto, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos Gráficos da Abimaq.

Segundo dados preliminares da Abigraf, num exercício em que os empresários do setor estimulam resultado em reais semelhante ao de 2001

(R$ 12 bilhões), o setor gráfico registrou, no final de 2002, crescimento de 4% na produção de embalagens, em especial destinadas às indústrias de alimentos e produtos eletroeletrônicos. O custo, porém, cresceu 33%, especialmente porque grande parte dos insumos – papel, papel cartão, tintas, chapas e vernizes) é atrelada à variação do dólar. Só o papel teve reajuste de 40% de maio a outubro de 2002.

Outro segmento gráfico que apresenta crescimento – e mais expressivo – é o de papelaria, com 35%. Os produtos responsáveis por esse índice também são típicos do final de ano: agendas e papel de presentes. Já o segmento promocional – encartes comerciais, folhetos de publicidade – estima queda de 20% a 30%, devido, principalmente, à redução do volume de propaganda impressa. “Esse ano, por pior que seja, não será como 2002”, prevê Camargo.

Feira reúne expositores de 31 países

Lyrian Saiki

A Feira Internacional de Papel e Indústria Gráfica (Fiepag), realizada em sua 17.ª edição, conta com a participação de 579 empresas expositoras, entre brasileiras (349) e de outros países como a Alemanha, Itália, Reino Unido e Argentina. A expectativa da organização do evento é reunir cerca de cinqüenta mil pessoas até sábado, quando encerra a Feira.

Em 2002, o faturamento do setor de máquinas e equipamentos gráficos foi de R$ 750 milhões, com exportações de US$ 114 milhões. Para 2003, a expectativa é de um crescimento geral de 4%. Em relação a 2001, no entanto, as exportações caíram em 6%, enquanto as vendas internas diminuíram 10%, segundo o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos Gráficos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Miguel Rodrigues Neto. “O setor caiu muito menos que o mercado num todo”, ressalva.

De acordo com o diretor da Fiepag, Evaristo Nascimento, o volume de negócios fechados durante a Feira é quase nulo, uma vez que o evento serve sobretudo para estabelecer o primeiro contato entre a empresa e o cliente. “É diferente de uma feira de tecidos e confecções, por exemplo, ou mesmo de calçados, em que os negócios são fechados na hora.”

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