IBGE: petroquímicos contribuem para queda no IPP de maio

A queda nos preços do álcool e de produtos petroquímicos básicos explica a deflação na porta de fábrica da indústria de transformação em maio, segundo Manuel Campos Souza Neto, técnico do Índice de Preços ao Produtor (IPP) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador teve redução de 0,24% no mês, após já ter recuado em março (-0,21%) e abril (-0,41%).

Na atividade de outros produtos químicos, ficaram mais baratos o etileno, propeno e polietileno. O setor contribuiu com -0,18 ponto porcentual para o IPP do mês. “Teve bastante importação desses produtos”, lembra Souza Neto.

No refino de petróleo e produtos de álcool, a contribuição para o IPP foi de -0,17 ponto porcentual. “O álcool teve uma redução muito grande de preços em maio devido à entrada da safra (de cana de açúcar) e à necessidade de produtores de fazerem caixa. Eles decidiram vender mais barato para recuperar um pouco a época da entressafra”, explica o pesquisador.

Juntos, os dois setores foram responsáveis por uma deflação de 0,35 ponto porcentual. A redução só não chegou integralmente ao IPP porque houve aumento de preços nos eletrodomésticos da linha branca, como refrigeradores e máquinas de lavar, e em máquinas e equipamentos, como rolamentos e silos metálicos.

Dólar

A desvalorização do dólar também tem ajudado a derrubar os preços. Embora o IPP ainda acumule uma alta de 1,09% no ano, as sucessivas quedas nos preços nos últimos três meses fizeram o indicador registrar deflação de 0,85% no período, segundo IBGE.

“O dólar ajuda bastante, ele segura o aumento (de preços)”, contou o técnico do IPP no IBGE. O instituto calcula que o dólar sofreu desvalorização de 6,8% em relação ao real nos últimos três meses. Uma das maiores consequências do câmbio aparece sobre o setor de alimentos. Cotada em dólar, a soja ficou mais barata tanto pelo recuo da moeda americana quanto pelas boas notícias da safra do grão nos Estados Unidos.

“A soja é cotada em dólar, então houve redução do preço. E, ao mesmo tempo, está entrando a safra americana”, confirmou Souza Neto. “Além do farelo de soja, o suco de laranja também teve mais ou menos a mesma reação, porque é muito voltado para exportação e sofreu também redução de preços com a queda do dólar”, acrescentou.

Os alimentos também ficaram mais baratos nos últimos três meses. No ano, a atividade registra recuo de 1,55%, o equivalente a um impacto negativo de 0,32 ponto porcentual no IPP do período. “No ano, os alimentos estão segurando bastante (o IPP)”, ressaltou Neto.

Outras atividades que sofrem forte influência do dólar são papel e celulose, que acumula queda de 1,13% no ano, e fumo, com redução de 2,41% nos preços no período. “Fumo é sem dúvida o setor mais afetado pelo câmbio”, afirmou o pesquisador.

Voltar ao topo