Grupos globais escolhem Brasil para criar software

Rio (AE) – Grupos internacionais de grande porte, como Dell, HSBC, Citibank, Alcoa e Johnson&Johnson, escolheram o Brasil para colocarem centros de tecnologia de desenvolvimento de software para as suas redes globais, o que deverá ampliar o setor no País. A questão foi discutida nos últimos dois dias em evento no Rio de Janeiro, organizado pela Associação Brasileira de Empresas de Software e Exportações de Serviços (Brasscom). ?Acho que tem um espaço para o Brasil nessa agenda. Claro que não baseado apenas em custos baixos. Mas acreditamos que há uma real e sólida proposta para o País?, disse o vice-presidente da A.T.Kearney, Bruno Laskowsqi.

Outro especialista que vê enorme potencial para o Brasil é o vice-presidente do Citigroup Eastcoast Technology Investment Banking, Brian Mass. O banco de investimento, inclusive, está contratando análises e pesquisas sobre o potencial brasileiro e constituiu um fundo de capital de investimento para direcionar em negócios no setor no País.

Mass explicou que o País pode crescer nessa área, principalmente por causa da localização geográfica, próxima aos Estados Unidos, e pela qualificação dos profissionais brasileiros. Ele também explicou que a Índia, país líder nesse campo, traz alguns riscos que recomendam que não haja concentração de contratações lá. ?Pode ocorrer uma guerra nuclear entre o Paquistão e a Índia, por exemplo, e as empresas não podem ter todo o seu back up concentrado lá?, ressalvou.

Mass observou também que não é fácil para os estrangeiros retirarem seus lucros da Índia devido à alta tributação. Ele ressalvou, porém, que não é tão otimista quanto a Brasscom, que prevê que o Brasil alcançará 5% do mercado mundial de terceirização de serviços e exportação de software em 2010.

?Tem um longo caminho antes de chegar lá. Não estou dizendo que não vai acontecer, mas depende muito de empresas européias e americanas, como a IBM e a Accenture, trazerem os seus clientes para cá?, disse, referindo-se a duas empresas de informática que têm centros de pesquisa no Brasil.

Encargos trabalhistas

O presidente do Centro de Tecnologia de Desenvolvimento de Software do HSBC no Brasil, Jacques Depocas, também acha a meta da Brasscom de obter US$ 5 bilhões ao ano em exportações em 2010 ?ambiciosa?. Ele argumentou que a Índia tem mais facilidade para baixar preços porque no País há muitos encargos trabalhistas. Além disso, o País é pouco reconhecido no exterior.

?O Brasil tem um problema de marca. No exterior, não se sabe que a qualificação profissional nesse setor no Brasil é boa?, ilustrou. De acordo com ele, os profissionais de informática no País são muito bons, têm flexibilidade, criatividade e experiência acumulada.

Depocas comentou que muitos técnicos no Brasil sabem mais informática do que os engenheiros recém-formados na Índia. E como os brasileiros começam a trabalhar cedo, quando se formam em uma faculdade já têm muita experiência.

O executivo disse que o HSBC queria fazer um centro para esse tipo de serviços fora da Ásia porque já tinha um na Índia e outro na China. O banco escolheu o Brasil pela proximidade com os Estados Unidos, pela qualidade profissional e pelo baixo custo de mão de obra, cerca de 70% menor do que em Nova York. O centro do HSBC começou a operar em outubro de 2006, com custo de investimento de mais de R$ 9 milhões.

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