Governo admite intervir para segurar preço do álcool

O governo já admite adotar medidas para barrar a alta do preço do álcool durante a entressafra da cana-de-açúcar, que vai até abril, segundo sinalizou ontem o diretor do departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan. Depois de subir 28% em 2005, o álcool hidratado iniciou este ano com alta de 6% para o consumidor, segundo dados da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes).

Na avaliação do técnico, o preço atual (entre R$ 1 e R$ 1,10 na usina) ainda não pode ser considerado exagerado, pois o custo de produção está em torno de R$ 0,75 a R$ 0,80 por litro. Segundo ele, é normal uma alta de preços nesta época do ano, de entressafra no setor.

Entretanto, Bressan destacou que o governo acompanha com atenção não só o preço do produto, mas principalmente a capacidade de abastecimento para atender a uma demanda crescente.

Somente a frota de bicombustíveis (abastecidos por gasolina ou álcool) é estimada em 1,3 milhão de veículos, segundo o técnico, com ingresso de aproximadamente 100 mil novos carros com a opção de uso do álcool no mercado por mês.

O estoque atual de álcool está próximo de 4 bilhões de litros. Segundo o Ministério da Agricultura, há combustível suficiente para atender a uma demanda mensal de cerca de 1,2 bilhão de litros.

Bressan admitiu que as recentes altas dos preços do produto promovidas pelo mercado para repassar elevações de custos represadas durante a safra acenderam a ?luz amarela? e que o governo deverá discutir o assunto com os usineiros e também internamente, possivelmente na próxima semana.

Gasolina

A redução do percentual de álcool misturado à gasolina de 25% para 20% é uma das hipóteses cogitadas pelo governo para reduzir o consumo de álcool até a próxima safra, que começa em abril. Mas Bressan destacou que a mudança na proporção provocaria, por outro lado, um aumento do preço da gasolina, que já é mais cara que o álcool.

Entra em vigor nesta sexta-feira, determinação do governo federal de que as destilarias marquem o álcool anidro (misturado à gasolina) com um corante. A intenção é evitar que haja a mistura de água sem padrão ao álcool anidro e que ele seja vendido como hidratado (que é usado como combustível).

Como o anidro não paga ICMS e o imposto recolhido do hidratado é de, no mínimo, 12%, distribuidoras e postos compram o álcool sem água, fazem a adulteração e se apropriam do imposto. Estima-se que esse tipo de fraude desviou mais de R$ 1 bilhão desde abril do ano passado.

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