EM PARIS

G20 dividido sobre indicadores para medir desequilíbrios globais

O início das discussões entre os ministros de Finanças do Grupo dos 20 (G20) nesta sexta-feira mostrou a dificuldade para um consenso sobre quais indicadores deveriam ser adotados para medir os desequilíbrios globais. Índia, Rússia e sobretudo China deixaram claro seu desconforto com um acordo que possa aumentar a pressão para que os países deixem sua moeda se valorizar ou reduzam suas reservas internacionais.

Caso os ministros de Finanças do G20 chegam a um acordo em Paris este fim de semana, os indicadores poderão dar origem a um consenso sobre que tipo de mudança política econômica os países precisariam adotar. No entanto, mesmo que se chegue a um acordo, os indicadores não garantirão mudanças de política no curto prazo sobre temas chave como regimes de câmbio.

O vice-ministro das Finanças da Alemanha, Joerg Asmussen, disse que apenas “um pequeno grupo de países” ainda não concordou em adotar uma lista de indicadores para medir os desequilíbrios globais. Os indicadores são baseados numa combinação de desequilíbrios em conta corrente, taxas de câmbio, tamanho das reservas internacionais dos países, sua dívida pública e taxa de poupança privada.

Fontes do G20 disseram que as diferenças estão diminuindo sobre os indicadores e uma autoridade sênior afirmou que “eles estão chegando perto de um acordo”.

O ministro das Finanças da China, Xie Xuren, disse que Pequim se opõe à inclusão da taxa de câmbio efetiva real e das reservas internacionais como indicadores.

O ministro das Finanças da Rússia, Dmitry Pankin, disse que seu governo também faz objeções à inclusão das reservas como um indicador.

“As reservas são o principal obstáculo”, disse Pankin. “A China é contra limitar as reservas. Nós também achamos que usar as reservas como um indicador não é completamente correto.”

O ministro das Finanças da Índia, Pranab Mukherjee, disse que seu país também faz objeções, mas espera que seja encontrado um caminho para um acordo sobre os indicadores.

O G20 está apenas “nos estágios iniciais de tentar fixar os termos do que será um debate muito importante no longo prazo sobre como construir um sistema que tenha um equilíbrio melhor de incentivos e normas”, disse o secretário de Tesouro dos EUA, Tim Geithner.

Xie, da China, afirmou que, mesmo que os indicadores sugiram que as políticas de um país estão contribuindo para os desequilíbrios globais, isso não deve desencadear uma resposta automática – uma posição que foi apoiada pela Índia. “As diretrizes não devem ser compulsórias, mas um meio para revisão interna”, disse Xie.

“Não haverá sanções atreladas ao critério do G-20 para medir os desequilíbrios globais”, disse Asmussen, da Alemanha. “Espera-se que o processo funcione mais por meio de pressão dos pares.”

Mesmo que o G20 concorde sobre os indicadores agora e como quantificá-los no verão (do Hemisfério Norte) isso apenas dará as linhas gerais do sistema de alerta.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) começaria então a monitorar os indicadores e divulgaria relatórios de supervisão nos futuros encontros do G-20 e, se os membros de fato concordarem que o sistema de alerta foi acionado, eles teriam de concordar que o FMI teria de estudar as raízes do problema. Para que alguma ação efetiva fosse adotada, levaria meses ou anos, segundo fontes.