Furlan quer reduzir custo para exportar mais

O cenário para as exportações não parece nada favorável. Com o dólar batendo as menores cotações desde maio de 2002, os empresários vêm fazendo contínuos apelos para que o governo federal intervenha no câmbio. Resistente, o governo já fala em alternativas para driblar a desvalorização do dólar, entre elas o de reduzir custos para as empresas. Foi o que propôs ontem o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que esteve em Campo Largo participando do lançamento do programa ?ExportaCidade?.

?No ano passado, gastamos US$ 1,2 bilhão em diárias de navios que ficaram esperando para carregar ou descarregar. Se economizarmos parcela importante desses recursos, equivale a um aumento de competitividade, como se a taxa de câmbio melhorasse?, afirmou ele. Para Furlan, a intervenção do governo federal na variação cambial não melhoraria o cenário. ?O ministro Palocci colocou ainda ontem (anteontem) que câmbio flutuante é aquele que flutua?, apontou. ?Se o Banco Central entrasse comprando US$ 10 bilhões, o efeito seria nulo no momento que parasse de comprar. Já comprou nesses meses US$ 20 bi e no dia que saiu do mercado, a trajetória voltou a ser a mesma.? E completou: ?Não vale a pena fazer uma aposta contra a tendência do mercado?.

Para o ministro, existem outras formas de melhorar o mercado exportador. ?O que temos que fazer é modernizar a legislação do câmbio, como já foi dado o primeiro passo, reduzindo a burocracia, consolidando as leis de maneira a facilitar a vida de importadores e exportadores. O trânsito aduaneiro nas alfândegas ainda precisa ser melhorado; com isso, vamos estar reduzindo custos e aumentando a eficiência?, disse. Bem-humorado, Furlan se recusou apenas a falar sobre a taxa Selic. ?Meu amigo, se eu tivesse solução para tudo, eu ia ser papa.?

ExportaCidade

Sobre o ExportaCidade, programa desenvolvido pela Secretaria de Comércio Exterior do ministério que prevê uma série de ações que visam o fortalecimento da competitividade exportadora de, inicialmente, dez municípios brasileiros – entre eles, Campo Largo -, o ministro lembrou que programa semelhante foi implantado no ano passado em sete estados brasileiros, além do Distrito Federal, que exportam menos de US$ 100 milhões por ano. ?Fizemos um programa formatado para cada estado, identificando potenciais, mercados mais interessantes e procurando capacitar empresas com o apoio dos governos estaduais. Alguns desses estados já ultrapassaram US$ 100 milhões em exportações?, comemorou. ?Agora estamos lançando este programa no nível de municípios.?

Sobre a expectativa de aumento de exportações com o programa, o ministro afirmou que ?a experiência mostra que depois de dois anos é possível dobrar as exportações?.

Em discurso aos empresários, o ministro salientou que é preciso fabricar produtos com qualidade, design, agregação de valor e emoção. ?Estamos caminhando para produzir coisas que contenham também emoção. Um biquíni, por exemplo, pode valer mais que um fardo de algodão cotado na Bolsa de Chicago. A emoção agrega valor e fidelidade?, arrematou.

Incentivo para pequenas e médias empresas

O programa ExportaCidade, lançado ontem pelo governo federal, pretende inserir no mercado internacional especialmente empresas de pequeno e médio portes. De acordo com o coordenador-geral de Promoção das Exportações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Arthur Pimentel, o objetivo é aumentar em 20% as exportações em cada um dos dez municípios que fazem parte do projeto-piloto, nos próximos 12 meses.

Só Campo Largo, primeiro município a ter o programa instalado, exportou no ano passado US$ 354 milhões – um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Desse montante, US$ 314 milhões foram de motores de automóveis, US$ 20 milhões de ladrilhos de cerâmica e US$ 1,8 milhão de artigos para serviço de mesa/cozinha. Os principais países que compraram os produtos de Campo Largo, no ano passado, foram Reino Unido (US$ 225 milhões), China (US$ 43 milhões) e México (US$ 41 milhões). Campo Largo responde atualmente pela produção de cerca de 90% da porcelana brasileira, 50% da cerâmica eletroeletrônica e 30% da cerâmica branca.

?A expectativa é grande, principalmente para as pequenas e médias empresas?, apontou o prefeito de Campo Largo, Edson Basso. ?É um incentivo a mais que as empresas locais estarão recebendo.? Para a Porcelanas Schmidt, pioneira na exportação do ramo, as expectativas também são grandes. ?Já tivemos 3,4 mil funcionários no passado e agora estamos apenas com mil. Pensamos em recontratar mais gente?, afirmou o diretor administrativo Christian Schimdt. (LS)

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