Exportação é alternativa para software

São Paulo 

– O caminho das exportações parece ser o único capaz de salvar a indústria brasileira de software de uma crise séria. Com uma reconhecida competitividade nas áreas bancária e de automação industrial, o País corre o risco de perder a vantagem por conta da queda na oferta de empregos e dos baixos salários pagos no setor, diz o economista Alfredo Behrens, professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado(Fecap) e pesquisador associado do Centro Mercados Emergentes da London Business School.

Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro) mostram, por exemplo, que entre as 50 maiores fabricantes de software que operam no País, a participação das brasileiras caiu de 38% em 1997 para 16% no fim do ano passado. O Brasil tem cerca de 20 mil empresas dessa área, mas metade delas opera com menos de 50 pessoas. O número de empregados formais nessa indústria corresponde a apenas 0,1% do total brasileiro.

Esse quadro é responsável pela forte queda na procura por cursos superiores de computação. Enquanto na década passada o número de candidatos por vaga triplicou, nos últimos três anos a procura por uma vaga caiu de seis para três. “Hoje, muita gente desistiu de estudar computação. Temos a impressão que só faz vestibular nessa área quem não conseguiu passar em nada mais”, afirma o professor.

É justamente a queda na qualidade dos novos profissionais que coloca em risco a competitividade conquistada em alguns setores da indústria brasileira de sistemas de informática. “As empresas brasileiras correm o risco de, em dez anos, não ser capaz sequer de fornecer para o próprio país”, prevê Behrens.

Exportações

No ano passado, o Brasil exportou cerca de US$ 200 milhões em software, de um total de US$ 60 milhões vendidos ao exterior. A Índia, que começou a entrar no mercado externo no mesmo período que o Brasil – início da década de 90 já exporta US$ 8,5 bilhões. Em 1993, quando foi criada a Softex, uma agência financiada pelo governo para as exportações de software, a meta de vendas estipulada para o ano 2000 era US$ 2 bilhões. “Não chegamos nem perto disso”, ressalta o professor.

Uma das teorias de Behrens para explicar o atraso do Brasil nessa área é que o Brasil tentou vender produtos acabados ao Exterior. Nesse mercado, o mais recomendável parece ser o desenvolvimento de um software que possa ser replicável em várias empresas.

O Brasil também perdeu porque sua indústria se fechou no mercado interno e não conseguiu se adaptar às demandas mundiais. Das 20 mil empresas nacionais, apenas 500, as maiores e com maior capacidade de investir em mapeamento de mercado e abertura de es critórios no Exterior.

Além da atração de dólares, importantes para a balança comercial, as exportações de softwares tendem a gerar empregos e elevar os salários dos profissionais, o que vai exigir melhor preparo e elevar a eficiência do produto brasileiro, conclui o professor.

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