EUA sugerem novos acordos com o Brasil

Em sua primeira visita ao Brasil, o novo representante comercial dos Estados Unidos, Ronald Kirk, vai sugerir ao País mecanismos para ‘administrar’ as relações entre os dois países. Para o governo do presidente americano Barack Obama, selar novos acordos bilaterais pode ser uma forma de resolver conflitos como o contencioso do algodão. Kirk não quis antecipar ontem, em encontro com empresários em São Paulo, as propostas que levará hoje ao ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. Mas deixou escapar algumas pistas. Ele citou acordos de investimento, de bitributação e deixou em aberto até a possibilidade de ressuscitar uma negociação de livre comércio.

‘Ter algum desses acordos em vigor pode nos ajudar a fortalecer o que já é uma boa relação’, disse Kirk no evento da Câmara Americana de Comércio (Amcham). ‘Todos reconhecem que ter uma estrutura mais formal para as relações de comércio é bom.’ Os acordos de proteção de investimento e bitributação são reivindicações antigas dos empresários, mas as discussões estão paradas no Congresso. Já as negociações para um acordo de livre comércio entre os EUA e o Mercosul estão paralisadas desde o fim das discussões da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

A sutil sinalização americana ocorre em um momento delicado. Como os americanos se recusam a retirar os subsídios aos produtores de algodão, a Organização Mundial de Comércio autorizou o Brasil a retaliar, por exemplo, quebrando patentes de medicamentos. O tema é sensível para a poderosa indústria farmacêutica americana. Ontem, o evento da Amcham era patrocinado pela Merck Sharp & Dome. Quando um empresário perguntou o que os EUA poderiam fazer para evitar a quebra de patentes, Kirk brincou que ‘mais parecia um pedido de ajuda do que uma pergunta’. E reiterou sua expectativa de que o Brasil opte por não retaliar. ‘Não quero prejulgar nada, por enquanto, porque o Brasil ainda vai decidir.’