Drama do Estado com foco de aftosa está perto do fim

O início da semana será decisivo para a definição do destino das pouco mais de 1.700 cabeças de gado da fazenda Cachoeira (localizada no município de São Sebastião da Amoreira, 47 quilômetros de Cornélio Procópio), sob suspeita de aftosa. Na segunda-feira, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa) divulgarão o laudo do impacto ecológico que o possível sacrifício dos animais causará ao meio ambiente.

A grande preocupação dos proprietários é saber que tipo de malefício pode trazer ao manancial da fazenda, caso os animais abatidos sejam enterrados na propriedade. Antevendo a iminente possibilidade da aprovação do sacrifício pelo Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) – a decisão acontece na quarta-feira – a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) se antecipou e solicitou o estudo. ?Faltam apenas as informações geológicas para que o laudo seja entregue?, diz o diretor do IAP, Rasca Rodrigues.

Segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, o laudo foi solicitado porque, mesmo sendo contrário ao sacrifício dos animais, o governo do Estado acredita que será voto vencido no conselho. ?O Ministério da Agricultura determinou a fazenda Cachoeira como um foco e a maioria entende que quanto antes for tomada uma atitude, mais rápida será a recuperação da área livre?, diz, estimando que o Paraná levará ao menos seis meses para se livrar em definitivo do impacto da suspeita de febre aftosa.

Divergências

O Ministério da Agricultura insiste que o vírus foi detectado na fazenda por meio de exames de sangue, que apontaram alterações sorológicas em 209 novilhas adquiridas em Eldorado (MS), e na vinculação epidemiológica do rebanho afetado, pois na região de origem do rebanho foram confirmados 28 focos da doença.

O governo do Paraná, por sua vez, refuta esse diagnóstico apontando para o resultado negativo de mais de 90 amostras do rebanho tido como contaminado, examinadas por meio do exame Probang, que permite o isolamento do vírus.

De acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde Animal, o sacrifício, seguido do enterro dos animais na propriedade, é a forma de normalizar no período de seis meses exportações de carne. Se o gado for abatido em frigorífico, com o aproveitamento da carne, as exportações somente voltarão ao normal em 18 meses.

A Fazenda Cachoeira tem 1.400 alqueires, 22 represas, formadas por dezenas de minas, totalizando 46 alqueires de lâmina d?água. A decomposição dos animais – o peso estimado do rebanho é de 720 toneladas – poderá contaminar o lençol freático e os rios da região. 

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