Dólar dispara 3% e bolsa abre a semana em queda

O dólar disparou ontem mais de 3% e cravou a maior alta em um único dia em 12 meses. Em maio, a moeda subiu 8,8% e não valorizava tanto em um mês desde a véspera da eleição do presidente Lula, em setembro de 2002, segundo a Economática. Nesta segunda-feira, a divisa avançou 3,23% e fechou cotada a R$ 3,19, depois de dois dias de baixa. Esta é a maior cotação em dez dias. No mês, o valor máximo foi de R$ 3,214, alcançado no último dia 20. Na outra ponta do mercado, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa o último dia do mês: -0,62%, movimento muito abaixo do normal, de R$ 368 milhões com 19.544 pontos.

As cotações foram pressionadas pelos tradicionais ajustes dos bancos na véspera do vencimento dos contratos futuros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).

Por ser o último dia do mês, houve a disputa entre os investidores para interferir na média oficial do dólar, a chamada “Ptax”. A taxa de ontem, a ser calculada pelo Banco Central no fim do dia, será usada hoje na liqüidação dos contratos futuros de junho. “A alta do dólar foi exagerada”, disse o gerente do Banco Prosper, Carlos Cintra.

Devido às turbulências desde abril, alguns bancos apostaram neste mês na alta da moeda dos EUA. Com isso, eles montaram estratégias para lucrar com o dólar caro, combinando posições “compradas” no mercado à vista e “vendidas” nos contratos futuros.

Por causa do feriado do “Memorial Day”, Wall Street e o mercado de Londres não funcionaram ontem. Assim, o mercado local operou sem as principais referências para guiar suas transações. O mercado de câmbio ficou “nas mãos” das tesourarias dos bancos, segundo um operador. Ou seja, não houve forte movimentação de clientes, como exportadores e importadores.

No mercado asiático, que funcionou nesta segunda-feira, teve influência negativa -no relato de agências internacionais de notícias – a série de ataques terroristas, que matou 20 estrangeiros, na cidade petrolífera de Khobar, no leste da Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do mundo.

Mas o gerente do Banco Prosper minimizou o “temor” de novos ataques e de disparada do preço do petróleo na retomada dos negócios hoje. Ele lembrou que as principais bolsas na Europa fecharam em alta. A bolsa de Paris subiu 0,48%, enquanto Frankfurt avançou 0,47%. “Por que só o Brasil reagiria negativamente a esse medo?”, indagou.

Terroristas supostamente ligados à rede Al-Qaeda, de Osama bin Laden, estariam por trás do seqüestro no Condomínio Oásis. O governo da Arábia Saudita declarou que suas instalações de produção de petróleo estão preservadas, não existindo maiores riscos.

Um outro operador justificou, no entanto, que o mercado brasileiro tem uma correlação maior com os passos de Wall Street. Na sua opinião, hoje as bolsas americanas devem abrir em queda, e o petróleo deve disparar por conta dos ataques na Arábia Saudita.

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