Desemprego fica estável e renda sobe

A taxa de desemprego de seis regiões metropolitanas do País (Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre) ficou estável em 9,6% em novembro, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do terceiro mês consecutivo em que o índice registra a mesma taxa de desemprego. Segundo o instituto, em termos estatísticos, este é o quinto mês seguido que a taxa permanece estável. Isto porque em julho e agosto a taxa havia apurado alta de 9,4%. Essa ?estabilidade prolongada? de cinco meses é inédita na história da pesquisa.

Segundo o gerente da pesquisa, Cima Pereira, fatores como a taxa de juros elevada, a carga tributária e a crise política fizeram com que o mercado não apresentasse sinais de recuperação em novembro.

Tradicionalmente, o mercado de trabalho fica mais aquecido no fim do ano com o aumento das contratações de trabalhadores temporários. Neste ano, entretanto, a entrada dos temporários no mercado de trabalho ainda não surtiu efeito. ?Não estão sendo abertos novos postos de trabalho, nem mesmo para trabalhadores temporários?, afirmou Pereira.

Segundo o IBGE, com base no histórico da pesquisa, é possível esperar que em dezembro o desemprego volte a cair em razão do menor número de dias úteis para a procura por trabalho e do aumento das contratações de temporários.

Renda em alta

Já a renda do trabalhador subiu 0,4% em novembro. Passou de R$ 970,88 em outubro para R$ 974,50 no mês passado. Em relação a novembro de 2004 houve alta de 2,1%. O aumento da renda foi resultado da inflação baixa e da escassez de vagas para trabalhadores temporários. Normalmente, eles apresentam remuneração inferior e, quando há uma entrada de temporários no mercado de trabalho, a renda cai.

O resultado do mês passado representa o melhor rendimento em novembro do governo Lula, mas ainda está abaixo do desempenho de novembro de 2002, último ano do governo Fernando Henrique, quando o rendimento havia ficado em R$ 1.069,86. O IBGE destaca, no entanto, que o resultado de 2002 foi influenciado pelo aumento nas contratações de temporários durante as eleições.

As mulheres continuam à apresentar remuneração inferior a dos homens. O rendimento dos homens foi estimado em R$ 1.115,50, enquanto o das mulheres em R$ 792,50. Em São Paulo, o rendimento médio masculino é de R$ 1.276,80 e o feminino, de R$ 894,60.

O levantamento do IBGE diverge da pesquisa da Fundação Seade e Dieese divulgada anteontem, que mostrou que a taxa de desemprego da região metropolitana de São Paulo recuou para 16,4% da população economicamente ativa, o menor patamar para este mês desde janeiro de 2001. Segundo o instituto, a diferença nos resultados pode ser justificada pelas diferenças na metodologia aplicada nas duas pesquisas.

Entre as seis regiões pesquisadas, nenhuma apresentou movimentação significativa de outubro para novembro, segundo o IBGE.

Em São Paulo, a taxa de desemprego aumentou de 9,6% para 9,7%. Para o IBGE, o resultado é considerado estável. No Rio de Janeiro, a taxa caiu de 7,9% para 7,7%. De acordo com a metodologia da pesquisa, o resultado também representa estabilidade. No Rio, houve crescimento de 4,1% nas contratações em outros serviços, o que representou a entrada de 38 mil pessoas no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, o resultado está relacionado ao potencial turístico da cidade, o que contribui para ampliar a oferta de vagas no período de férias.

Em relação a novembro do ano passado, apenas a região metropolitana de Recife apresentou crescimento e passou de 11,2% para 14,7%.

Em novembro, o contingente de pessoas ocupadas nas seis regiões metropolitanas foi estimado em 20,1 milhões. Em relação a outubro o indicador ficou estável. O número de pessoas à procura de trabalho nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE permaneceu estável em 2,1 milhões de pessoas na comparação com outubro.

As mulheres representaram em novembro a maioria dos desocupados, com 56,6%. A pesquisa mostra que o mercado de trabalho está exigindo maior grau de qualificação: em novembro de 2002, 37,6% dos desocupados tinham pelo menos o ensino médio concluído, em novembro deste ano, este patamar subiu para 44,4%.

O emprego com carteira permaneceu estável na comparação com outubro, mas cresceu 3,8% em relação a novembro de 2004, o que equivale a mais 281 mil postos de trabalho.

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