Crise política não afetará a economia

O nebuloso ambiente político não deve afetar a economia, na avaliação do economista-chefe do Banco Bradesco, Octavio de Barros, que esteve ontem em Curitiba para ministrar uma palestra sobre o cenário econômico atual brasileiro. ?O mercado observa que há uma maturidade institucional?, diz. Do ponto de vista da economia, segundo ele, o crescimento das exportações, a inflação controlada e a apreciação cambial demonstram um ambiente positivo para negócios. Outro indicador positivo, diz Barros, é a relação entre a dívida e setor público que deve ficar em 50%, um por cento menor que a do ano passado.

Barros diz que não vai haver inflação em junho e a de julho ficará próxima de 0,5%, o que abre caminho para redução da taxa Selic, a taxa básica de juros. ?A taxa de juros que é de 19,75% atualmente deve começar a cair em agosto e chegar em 17,25% até o fim do ano. Ou seja, uma redução de 2,5%, com viés de baixa.? Embora as reações à variação da taxa de juros sejam sentidas na economia em cerca de seis meses após a mudança, Barros acredita que como os empresários e consumidores brasileiros são governados pelo otimismo e reagem muito rápido às expectativas, pode haver um crescimento mais rápido. Segundo ele, é possível que o cenário econômico de 2006 seja semelhante ao de 2004, com um crescimento entre quatro e cinco por cento.

Por sua vez, o saldo comercial, na avaliação de Barros, deve ficar neste ano em aproximadamente 40 bilhões, o que contribui para o fortalecimento econômico. Para ele, é preciso haver mais liberdade cambial e uma abertura econômica maior. ?Numa avaliação que fiz com 60 países, o Brasil fica em segundo lugar entre os países fechados economicamente, perdendo somente para a Índia?, explica. Na análise de Barros, há um incontestável consenso de que é preciso melhorar a infra-estrutura brasileira, mas acredita que no momento o País vem trabalhando para melhorar sua infra-estrutura institucional.

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