Crescimento da indústria está concentrado em três setores, aponta CNI

Brasília – Os setores de alimentos e bebidas, máquinas e metalurgia básica impulsionaram a indústria em julho. Segundo os números divulgados nesta segunda-feira (3) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as vendas reais, descontada a inflação e as oscilações conforme a época do ano, cresceram 1,2% em julho na comparação com o mês anterior.

Em relação a julho do ano passado, a expansão foi ainda maior. Apesar da valorização de 2,5% do real naquele mês, as vendas avançaram 6,5%. Nos sete primeiros meses do ano, o crescimento foi de 3,3% na comparação com o mesmo período de 2006.

A CNI apresentou ainda um número que comprova a concentração do crescimento em determinados setores da indústria. De acordo com o levantamento apresentado hoje, os três setores com maior aquecimento respondem por 92% da expansão das vendas este ano.

Para o economista da CNI Paulo Mol, o desempenho acima da média desses setores tem razões no mercado interno e internacional. ?Esses setores estão sendo apoiados tanto pelo consumo doméstico como pelas exportações?, explicou.

No setor de alimentos e bebidas, o economista disse que a demanda está sendo puxada pela indústria sucroalcooleira (de cana-de-açúcar) e de carnes. Em relação às máquinas, Paulo Mol destaca os investimentos dos empresários para expandir o parque industrial e a recuperação da agricultura, que está impulsionando a compra de equipamentos pelos produtores.

Com os ajustes sazonais, as horas trabalhadas e o pessoal empregado na indústria também registraram crescimento em julho. O total de horas trabalhadas subiu 0,8% em relação a junho e 4,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

O emprego industrial aumentou 0,3% ante junho e 3,7% em relação a julho de 2006, apesar de cair em atividades como vestuário, têxteis e madeira. Esses setores são afetados pelo dólar abaixo de R$ 2, que desestimula as exportações e acirra a concorrência com os produtos importados.

Para Paulo Mol, no entanto, a recente alta do dólar provocada pelas turbulências nos mercados financeiros internacionais deve contribuir para que os indicadores de agosto ? que só serão apresentados em outubro ? registrem desempenho ainda melhor que em julho. ?Certamente, setores que sofriam com o câmbio apresentaram melhora no último mês?, ressalta.

De acordo com a CNI, as remunerações pagas pela indústria avançaram, em julho, 2,6% em relação a junho, e 5,6% ante julho do ano anterior. No acumulado do ano, a massa salarial da indústria teve aumento de 4,9% ante o período de janeiro a julho de 2006.

Descontados os ajustes sazonais, a capacidade instalada da indústria fechou julho em 82,6%, 0,4 ponto percentual a mais que em junho. Apesar de reconhecer que o nível da capacidade instalada está alto, o economista da CNI, descarta, por enquanto, qualquer preocupação com a inflação.

?O Brasil vive um momento de crescimento forte dos investimentos, que pode compensar qualquer pressão sobre a indústria. Isso dá uma dimensão mais tranqüila para a expansão produtiva?.

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