Rio (AE) – O primeiro financiamento da nova linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fabricação em escala industrial de produtos com inovação tecnológica foi anunciado ontem, 15 dias depois da criação da linha ter sido divulgada pelo presidente da instituição, Guido Mantega.
Essa rapidez foi possível porque o pedido da empresa Opto Eletrônica S/A, de São Carlos (SP), beneficiada com crédito de R$ 6,7 milhões, já estava tramitando desde julho de 2005 e inicialmente era dirigido a outra linha, a do programa para fabricação de fármacos, medicamentos e equipamentos médicos Profarma. ?Quando fechamos a análise, saiu essa linha de Inovação-Produção, que era mais vantajosa para a empresa, e enquadramos nela?, disse o gerente do Departamento de Indústria Eletrônica do BNDES, Maurício Neves.
Na nova linha, o spread básico do banco é zero e a empresa só paga a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) mais um spread de risco sigiloso dado pelo BNDES, cuja escala varia de 0,5 a 1,5%, dependendo da empresa. O BNDES oferece uma outra linha para inovação, que é de apenas 6% fixos ao ano, mas voltada para pesquisa e desenvolvimento. Não é o caso desse crédito da Opto Eletrônica, voltado para incentivar a produção que agrega inovação.
A empresa passará a fabricar lentes de vidro anesféricas que se caracterizam por ter resolução muito maior que as esféricas e ainda não são produzidas por nenhum país da América Latina. A empresa vai também adaptar a produção de equipamentos diversos – da área médica à espacial, passando por sistemas ópticos de uso industrial – feitos hoje com lentes esféricas para a incorporação das lentes anesféricas. Poderá também fazer produtos novos com essas lentes.
A nova produção vai substituir importações dessas lentes e deve ampliar as exportações de equipamentos que a Opto Eletrônica já faz para Estados Unidos, Europa e outros países da América Latina, aumentando a competitividade dos produtos da empresa. De acordo com Neves, uma lente anesférica substitui quatro esféricas e a diferença de preço é proporcional. A fabricação própria deve trazer uma redução de custo para a Opto Eletrônica, além de melhorar a qualidade de seus produtos.