CEF quer disputar mercado neste ano

Rio (AG) – A Caixa Econômica Federal entra em 2005 disposta a não ser apenas a instituição da caderneta de poupança e dos financiamentos habitacionais, marcas registradas nos 140 anos do banco. O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, disse que este será o ano do crédito. Após ter apresentado expansão de 43,7% na modalidade no ano passado, atingindo R$ 26,4 bilhões, a perspectiva para este ano é de crescimento de 30% da carteira. A Caixa vai jogar no mercado quase R$ 13 bilhões a mais para empréstimos a pessoas físicas e micro e pequenas empresas, num total de R$ 39,3 bilhões.

Em 2004, a carteira de crédito com desconto em folha atingiu R$ 4,1 bilhões. Se o Banco Central reduzir os juros básicos da economia, garantiu Mattoso, a instituição está preparada para cortar as taxas dessa modalidade de crédito, atualmente entre 1,76% e 2,6%. O banco também pretende aumentar a participação na administração de fundos de investimentos, segmento no qual já alcançou o quarto lugar no ranking nacional.

"Como aconteceu no ano passado, vamos fazer um movimento em direção ao crédito. A nossa carteira comercial era muito pequena", disse Mattoso.

Para empresas, os desembolsos da Caixa chegaram a R$ 8,6 bilhões em 2004, mas Mattoso afirma que são esperados R$ 14,3 bilhões em 2005. No crédito a pessoas físicas o volume de recursos foi de R$ 17,5 bilhões no ano passado, e agora espera-se um salto para a faixa de R$ 25 bilhões.

Mattoso adiantou que o lucro da Caixa em 2004 ficou abaixo do R$ 1,6 bilhão obtido no ano anterior. A redução, segundo ele, deveu-se à mudança de estratégia da instituição, que estava carregada em papéis do governo e decidiu aumentar o crédito, sobretudo para micro e pequenas empresas e baixa renda.

"O lucro menor é exclusivamente porque os setores em que crescemos não foram suficientes para compensar a queda com os ganhos de títulos", explicou Mattoso.

Após a abertura de 2,5 milhões de contas simplificadas (sem necessidade de comprovação de renda) ? cerca de 10 mil por dia ? a procura na Caixa caiu à metade. Para atingir a meta de dois milhões de novos correntistas este ano, a instituição vai investir em campanhas e deverá mudar o nome do programa, o Caixa Aqui, criado para identificar os correspondentes bancários.

"O nome foi mantido porque o presidente Lula queria lançar o programa rapidamente, mas não é adequado e acaba confundindo as pessoas", disse Mattoso.

Embora o presidente Lula diga que "pobre não dá calote", Mattoso garantiu que a inadimplência na Caixa com essas contas simplificadas está acima do desejado. Para ele, isso pode ser explicado pela falta de experiência da instituição em lidar com essa parcela do mercado, que por sua vez também não está acostumada a ter contas em banco. Dos R$ 240 milhões liberados para baixa renda, o banco emprestou R$ 30 milhões.

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