Câmbio é incógnita quanto ao impacto na inflação

Rio (AE) – A coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, disse que não é possível antever se o câmbio – ?o grande atenuador da inflação? no ano passado – continuará a ter fortes influências sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2007. ?Será que 2006 absorveu todos os efeitos de um câmbio mais baixo ou esse efeito seria infinito? É preciso um período maior (para checar o efeito), as próximas taxas é que vão mostrar?, afirmou.

Eulina disse que não foi possível ver, em janeiro, se a continuidade na queda da cotação do dólar teve influência sobre a taxa do mês. Ela destacou também que o IPCA em 12 meses registrou nova queda em janeiro, passando de 3,14% em dezembro para 2,99%, a menor taxa em 12 meses apurada desde fevereiro de 1999. ?Na perspectiva de 12 meses a taxa continua caindo?, sublinhou.

Espalhamento

Ela disse que os resultados do IPCA de janeiro mostram um maior espalhamento de reajustes de preços do que ocorreu em dezembro. ?Mas não é caso de alarme, porque a inflação não é generalizada e a alta nos alimentos se explica pontualmente pelo clima?, disse.

Ainda que a taxa de dezembro (0,48%) tenha sido mais alta que a de janeiro (0,44%), Eulina sublinhou que no último mês do ano passado a inflação foi puxada quase exclusivamente pela Região Metropolitana de São Paulo – que tem peso de 36% no IPCA – por causa dos aumentos locais em transportes. Em janeiro, mais regiões pesquisadas mostraram acelerações de alta nos preços, especialmente por causa dos alimentos.

O grupo de produtos alimentícios registrou variação de 0,84% em janeiro e foi responsável por 0,17 ponto percentual (pp) da taxa do mês. As tarifas dos ônibus urbanos, por sua vez, deram a maior contribuição individual (0,06 pp). No caso dos alimentos, Eulina explicou que produtos in natura muito sensíveis ao clima, como tomate (alta de 27,42% no mês) e hortaliças (10,33%), acabaram sendo muito pressionados pelas chuvas.

Outra pressão forte em janeiro foi dada pelo álcool, com reajuste de 7,23%. Somente na Região Metropolitana de São Paulo, o litro do álcool aumentou 13,75% no mês.

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