Brasil amplia embargo contra a Argentina

O Ministério da Agricultura decidiu suspender as autorizações para importação de carne com osso e de animais vivos suscetíveis à febre aftosa de todo o território da Argentina. A suspensão é temporária e foi adotada em resposta ao foco de febre aftosa descoberto no município de San Luis del Palmar, na Província de Corrientes, no nordeste da Argentina. Também estão proibidas as importações de sêmen e de carne não submetida à processo de maturação e de outros produtos não submetidos a processo que permitam a inativação do vírus da aftosa. Esse é o caso, por exemplo, dos produtos lácteos que não passaram pelo processo de pasteurização.

Brasília (AE) – No caso particular da Província de Corrientes, onde foi descoberto o foco da doença, o embargo do Brasil será mais rígido. Pecuaristas dessa província não poderão vender carne sem osso, maturada, ou industrializada para o Brasil. Com exceção de Corrientes, as importações de carne sem osso, maturada, ou industrializada da Argentina estão permitidas.

O governo brasileiro vai usar inclusive satélites para monitorar a fronteira com a Argentina, informou ontem o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gabriel Maciel.

A febre aftosa é uma doença contagiosa causada por vírus de rápida multiplicação. A doença ataca os animais de casco dividido, como caprinos, ovinos, bubalinos, suínos e, principalmente, bovinos. Os animais doentes têm feridas na boca, nas tetas e entre as unhas.

Embargos

A Colômbia ingressou, ontem, na lista dos países que já proibiram o ingresso de animais vivos ou carne passível de contaminação pela aftosa, procedentes da Argentina.

O Paraguai foi mais longe. Além de proibir a entrada de carne e produtos de origem animal, está instalando barreiras sanitárias e decretou Estado de Emergência. Em três estados próximos da Argentina, o trânsito de animais está proibido. A Associação Rural do Paraguai e a Câmara Paraguaia de Carne formaram um ?gabinete de crise? e, segundo o representante dos pecuaristas, Alberto Soljancic, os empresários estão dispostos a ?gastar o que for preciso? para impedir que o rebanho paraguaio seja contaminado.

A preocupação dos paraguaios é justificada pela expansão das exportações de carne, que no ano passado bateram o recorde histórico: 125 mil toneladas – cerca de 20% a mais que no ano anterior -, com faturamento de US$ 240 milhões. A produção de carne é o setor econômico que mais tem crescido nos últimos anos. O país não registra a ocorrência de febre aftosa desde 2003 e, com o boicote imposto à carne brasileira por 58 países, o produto paraguaio está obtendo excelente cotação internacional.

Agricultores prejudicados pela aftosa terão R$ 15 mi

Campo Grande (AE) – Técnicos de três ministérios do governo do Mato Grosso do Sul e de prefeituras do Estado identificaram 4.700 famílias de pequenos produtores rurais seriamente prejudicadas pelos efeitos do combate à febre aftosa em cinco municípios de Mato Grosso do Sul. Desde outubro do ano passado, quando foram identificados os focos da doença no extremo sul do Estado, estão proibidas de comercializar qualquer produto para fora da área de isolamento.

A exigência reduziu ao mínimo suportável a renda desses trabalhadores, que passaram a ser alvos de um programa emergencial do governo federal. Foi criado o Grupo Trabalho Interministerial (GTI), formado por funcionários dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, Fazenda, Agricultura e Pecuária, além do Banco do Brasil, que desde anteontem estão mantendo reuniões com autoridades federais, estaduais, municipais e líderes dos produtores, em Campo Grande.

Eles anunciaram a elaboração de uma série de ações que deverão estar em pleno desenvolvimento até agosto nos municípios de Eldorado, Japorã, Itaquiraí, Mundo Novo e Iguatemi, onde foram confirmados 19 focos de aftosa.

Estão à disposição dos prejudicados R$ 15 milhões para o custeio de assistência técnica. Conforme João Luís Guadagnin, da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, cada família poderá emprestar até R$ 6 mil, com oito anos para pagar, três anos de carência e juros de 3% ao ano. Nautilo José Melo Veludo, do Ministério da Fazenda, informou que a dívida agrária dos trabalhadores rurais em questão, não será perdoada, podendo no máximo ser parcelada de acordo com as possibilidades de cada devedor.

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