BC vai manter metas de inflação

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, manteve o compromisso do novo governo com o regime de metas de inflação. Segundo ele, o sistema de metas é a opção mais eficiente de condução da política monetária porque deixa “explícita” a meta que o governo persegue e reduz ao máximo a arbitrariedade do BC em relação à política monetária a ser adotada.

“O Banco Central perseguirá sem trégua a trajetória para a convergência da meta de inflação”, disse Meirelles, ressaltando, no entanto, que essa convergência poderá vir em um período mais longo que um ano. Ou seja, a meta pode não ser cumprida neste ano, mas voltaria a ficar dentro do estipulado mais adiante.

“O BC vai manter o objetivo de manter a inflação baixa, mas em um prazo que não resulte em prejuízos para a sociedade.”

Meirelles também destacou que é preciso preservar a credibilidade do país afastando qualquer dúvida com relação a esse compromisso de inflação baixa.

Ele destacou que, assim como o regime de metas contribui para que os choques econômicos sejam administrados com o menor impacto possível, o regime de câmbio flutuante também tem se mostrado adequado nos momentos de maior turbulência.

Meirelles se comprometeu em dar continuidade aos mecanismos de transparência das ações do BC, como a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), das pesquisas e sondagens feitas no mercado financeiro e dos relatórios e estudos do BC.

Segundo ele, a “solidez do sistema financeiro será um desafio permanente do banco”.

Posse concorrida

A cerimônia de transmissão de cargo do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, realizada ontem, foi muito concorrida. Os dois auditórios do BC destinados à solenidade – um deles com telão – ficaram lotados e várias pessoas tiveram que assistir a solenidade por meio de um televisor no hall de acesso ao auditório.

Estiveram presentes o ex-presidente do BC Gustavo Franco, o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano, os economistas Edmar Bacha e Winston Fritsch, os atuais ministros Antônio Palocci (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento), Jacques Wagner (Trabalho), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Ricardo Berzoini (Previdência), o representante do Banco Mundial Vinod Thomas, além de toda a diretoria do BC.

Os senadores do PT Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante também estiveram presentes.

Sistema trará transparência

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse ontem, no encerramento da solenidade de transmissão de cargo do presidente do Banco Central, que a proposta de autonomia do Banco Central não significa uma maior liberalidade nas ações da instituição. “Ao contrário, a proposta de autonomia significa menos liberalidade e mais transparência e mais obrigação na concentração da atuação em busca do cumprimento de metas”, afirmou. Palocci lembrou que a proposta de autonomia prevê um maior grau e exigência de prestação de contas dos atos praticados pela direção da instituição.

Palocci agradeceu a contribuição dada pelo ex-presidente do BC, Armínio Fraga, no processo de transição e por sua atuação à frente do Banco Central. “Não faço esse elogio por uma questão de civilidade, mas sim por uma questão de justiça”, afirmou Palocci. Ele disse que Fraga no Banco Central atuou com o compromisso com o País.

Ele ressaltou também a necessidade de convivência entre pessoas que têm visões diferentes sobre o País. “Visões diferentes do mundo não me impedem de elogiar Fraga”, disse o ministro. Palocci agradeceu também aos senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, presentes ao evento, “pela ajuda e paciência”.

Reformas aumentaram produtividade

O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse, no discurso de transmissão do cargo para seu sucessor, Henrique Meirelles, que o Brasil enfrentou nos últimos anos desafios que envolviam não apenas problemas conjunturais, mas que colocavam em jogo o processo de construção de um arcabouço institucional que o Brasil buscava para garantir as condições de se desenvolver. O País, segundo Fraga, foi bem sucedido na tarefa e os ajustes e reformas feitos pelo antigo governo, além dos sinais dados pelo novo governo, reforçam essa visão.

Ele disse que o País fez um ajuste fiscal equivalente a cinco pontos do PIB, equilibrou as finanças estaduais e resolveu a crise bancária dos anos 90. Fraga lembrou ainda que, para enfrentar a crise de 1999, criou o sistema de metas de inflação. Fraga destacou ainda os ganhos de produtividade obtidos pela economia e a melhoria dos indicadores sociais, decorrentes da prioridade que foi dada à educação, saúde e à reforma agrária. Ele lembrou que esse processo transcorreu em um ambiente de abertura econômica e de privatização das empresas estatais.

Fraga disse que, nesse processo foi possível enfrentar os choques internos e externos sem acidentes e com custos menores para a sociedade. E destacou ainda a necessidade de se preservar os ganhos obtidos pelo País com a estabilidade.

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