Analistas apostam em saldo comercial maior do Brasil

O superávit comercial acumulado até a primeira semana de abril supera em 1,5% o do mesmo período de 2008. Na média diária, são US$ 56,3 milhões ante US$ 55,4 milhões. O desempenho levou várias consultorias, entre elas a Rosenberg & Associados e a MB Associados, a rever para cima a projeção do saldo em 2009. O principal impacto disso se dá nas perspectivas para o balanço de transações correntes (que contabiliza as relações do Brasil com o exterior) e, por tabela, nas estimativas para o dólar. Mantida a tendência, a moeda deve encerrar o ano mais barata do que se esperava.

A mesma avaliação não pode ser feita no que se refere aos fatores que explicam a mudança do cenário. O principal é a queda das importações, em decorrência do forte recuo da atividade econômica. Até a primeira semana de abril, as importações recuaram 21% na comparação com 2008. E parte pequena da melhora do saldo se deve a um recuo das exportações (em valor) menor do que o projetado.

“Os preços de algumas commodities e problemas climáticos em lugares como a Argentina têm sido positivos para as exportações brasileiras”, diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Ele reviu sua estimativa para o superávit comercial de 2009 de US$ 13,4 bilhões para US$ 15,3 bilhões. Fernanda Feil, analista da Rosenberg & Associados, também mudou a projeção para o ano – de US$ 9,5 bilhões para US$ 16,1 bilhões. “A retração da demanda interna foi mais expressiva do que se estimava. Portanto, o saldo vai melhorar por razões ruins”, diz Fernanda. Uma consequência certa dessa nova realidade é o aumento da participação das commodities e seus derivados na pauta de exportações do Brasil. Nas contas da Rosenberg, essa parcela chegou a 66,1% em 2008.