Acabam cotas mundiais para a indústria têxtil

O regime mundial de cotas para a indústria têxtil mundial acaba nesta sexta-feira, depois de 40 anos. É o começo de uma reestruturação do mercado mundial e a indústria têxtil brasileira ainda não consegue prever os efeitos que essa reordenação terá nas exportações do País. O setor têxtil deve exportar o equivalente a US$ 2 bilhões este ano, o dobro da quantia de 1999, mas uma quantia muito pequena diante do tamanho do mercado mundial, que gira em torno de US$ 380 bilhões, dos quais US$ 200 bilhões correspondem a confecção pronta. A meta, porém, existe: a indústria nacional quer abocanhar nos próximos 4 anos pelo menos 1% do mercado mundial. Ou seja, US$ 4 bilhões em exportações.

Em 1994, quando um acordo no âmbito do Gatt estabeleceu o fim gradual das cotas mundiais, os empresários brasileiros acreditavam que estaria no fim do período a grande oportunidade para deslanchar no resto do mundo. O regime termina com a oportunidade, mas de lá para cá muita coisa mudou e novas ameaças surgiram. Fernando Pimentel, diretor da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), identifica que a grande ganhadora com o fim das cotas é a temida China, que já detém 28% do mercado mundial de têxteis e 25% apenas do segmento de fibras químicas e naturais. Para a Abit, o segundo ganhador é a Índia, mas não na mesma proporção.

2005 começa com liberdade total na disputa de mercados e, na avaliação da Abit, faltam ao Brasil mecanismos que garantam a competitividade do setor. O setor reclama acordos internacionais com os países ricos, principais compradores do mundo, no âmbito da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e da União Européia. A função dos acertos é eliminar as barreiras impostas aos têxteis nacionais. Por enquanto, não tem nem um nem outro. A outra queixa são os juros exorbitantes do país – que, à exceção dos bancos, o país faz coro na crítica. Nos 40 anos de cota, talvez a única reclamação dos exportadores que continua atual é em relação à taxa de câmbio, apesar do regime de câmbio flutuante.

"Para transformar a oportunidade em negócios é preciso políticas públicas favoráveis", afirma Pimentel.

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