Diretor do FMI elogia política social no Brasil

Segundo o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a região, Anoop Singh, o Brasil e outros países da América Latina estão combinando crescimento econômico, redução da pobreza e melhora das contas públicas – e desta vez a história pode ter um final diferente.

Outros surtos de crescimento latino-americano terminaram em crise, lembrou o economista, que na sexta-feira exibiu cauteloso otimismo sobre as mudanças na região. Ele se mostrou especialmente otimista quanto aos efeitos do programa Bolsa Família.

Singh mencionou a redução da pobreza no Brasil e a melhora nos indicadores de desigualdade, mas admitiu que é preciso complementar a transferência direta de renda com investimentos e com reformas.

São essas também, segundo Anoop Singh, as condições necessárias para maior segurança da economia latino-americana e do Caribe. A região aumentou sua resistência a mudanças no mercado financeiro acrescentou, mas não deixou de ser vulnerável, porque a dívida pública permanece elevada. "É preciso cuidar disso", enfatizou Singh, justificando que novos choques virão.

Dívida

A dívida total ainda representa cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países da América Latina e do Caribe. A dívida externa permaneceu durante anos em 25%, deve estar em 16% neste ano e poderá chegar a 15% no próximo.

"O compromisso com a estabilidade foi reforçado de forma significativa em 2006, com fortes políticas macroeconômicas mantidas durante transições políticas em vários países", observou Singh.

A economia da América Latina e do Caribe deve crescer em torno de 4,75% em 2006 e cerca de 4% em 2007, segundo o FMI. A região foi beneficiada pelos bons preços dos produtos básicos nos últimos anos, com aumentos de 170% para os combustíveis e de 70% para as outras commodities entre 2002 e 2006.

Em 2006 e 2007, mais de dois terços do crescimento devem resultar do consumo privado, mas o investimento das empresas também deve aumentar, de acordo com Anoop Singh.

O gasto público diminuiu em 2002, durante a última crise no Brasil e em outros países da região, e voltou a crescer. Esse aumento ainda não é preocupante, de acordo com o economista, mas é preciso que o gasto adicional seja dirigido para o investimento produtivo e para programas de redução da pobreza.

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