Decisão sobre febre aftosa poderá ser anunciada nesta quinta-feira em Curitiba

O professor Amauri Alfieri, diretor de Virologia Animal da Universidade Estadual de Londrina (UEL), disse nesta quarta-feira (14), durante reunião na Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara dos Deputados, que está impressionando com intransigência dos técnicos do Ministério da Agricultura. Foram mais de sete horas de discussão sobre se existe de fato a febre aftosa ou não no Paraná. A previsão é de que se chegue a esta resposta nesta quinta-feira (15) em uma outra audiência que vai acontecer na Assembléia Legislativa do Paraná, em Curitiba.

Depois de pedir que sejam criados comitês com especialistas em epidemiologia, parasitologia e virologia no Ministério da Agricultura e nas secretarias estaduais, para a correta identificação da doença, Alfieri afirmou que a reunião foi ?uma perda de tempo? e que estava ?arrependido de ter aceitado o convite?. ?Mesmo diante de estudos e pesquisas que realizei, os representantes do Ministério da Agricultura não aceitam nenhuma sugestão para solucionar o problema no Estado. Não houve avanço. E aviso de antemão que não vou comparecer à reunião que deve acontecer na quinta-feira (15), na Assembléia Legislativa, em Curitiba?, informou.

O deputado Moacir Micheletto (PMDB/PR) pediu que o virologista reconsiderasse sua decisão em virtude da grande contribuição que pode dar aos trabalhos. Micheletto foi um dos deputados que solicitou a audiência, porque estava indignado com o que considerou um descaso do Governo Federal diante do que classificou como grande equívoco.

?É uma situação absurda. Ninguém sabe o que está acontecendo, se há aftosa ou não, mas mesmo sem um laudo oficial sequer confirmando essa possibilidade já foram suspensas as vendas de carne bovina paranaense para o país e exterior, causando um enorme prejuízo. Precisamos tomar uma decisão logo para que o consumo do produto seja regularizado?, reforçou.

Foi dentro desse clima de acusações e desavenças que o presidente da comissão, deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), alertou para o fato de que o Brasil, na área do controle de vigilância sanitária, está ?esfacelado, desintegrado, acabado. Não tem mais credibilidade internacional?. E acrescentou: ?Temos que checar as denúncias da febre aftosa antes de levá-las ao conhecimento público. Temos que ter cuidado sobre os alertas da vigilância sanitária que são feitos para evitar falsas denúncias?.

Outro insatisfeito com o resultado da reunião foi o professor Raimundo Tostes, coordenador do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Maringá (Cesumar/PR). Para ele há um grave erro, por parte do governo federal, que não investe em laboratórios. ?Se o país possui o maior rebanho bovino do mundo e somos o maior exportador de carne do mundo temos que ter laboratórios decentes?, disse.

Ele também lembrou que os animais que deram origem ao alerta de aftosa no Estado não apresentavam os sintomas da doença. ?Convido os senhores a verem o caso mais atípico de febre aftosa que já vimos na literatura médica nacional: o de animais que engordam duas arrobas (30 quilos) em duas semanas?, ironizou.

O professor também reclamou dos técnicos do Ministério da Agricultura. Para ele existe a intransigência dos representantes do Ministério que não admitem a possibilidade de não existir o foco da doença no Paraná mas apenas os chamados resultados ?falsos positivos? por causa dos efeitos da vacina nos testes realizados nos animais. Uma tese que foi defendida até pela Diretora de Programas da Área Animal do Ministério da Agricultura, Tânia Maria de Paula Lyra.

Ela afirmou que algumas vacinas contra a doença podem apresentar o resultado ?falso positivo? por causa de resquícios de proteína. ?Alguns países já tiraram determinadas vacinas de uso justamente por causa desta reação sorológica?. Mas ressaltou que a vacina aplicada no Brasil é de boa qualidade. Deve ser considerada como uma ferramenta importante no combate à febre aftosa e uma arma eficaz, falou. Tânia Lyra também pediu que parassem as desconfianças entre os técnicos do Governo Federal e do Paraná e que o problema fosse resolvido com entendimento e boa vontade.

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