Tensão em comunidade quilombola afasta sargento

O sargento comandante do deslocamento responsável por cumprir mandado de reintegração de posse contra quilombolas em Doutor Ulysses, Região Metropolitana de Curitiba, na terça-feira da semana passada, foi afastado dos trabalhos na região.

A ação policial iniciou um clima de tensão na localidade, que culminou no incêndio de três casas na comunidade quilombola do Varzeão, há cinco dias. Ontem, o Ministério Público (MP) Estadual reuniu autoridades para discutir a situação dos quilombos no Estado.

Na ocasião da reintegração, o policial teria disparado um tiro contra um barril de combustível. O ato do sargento – que não teve o nome divulgado pela polícia – foi classificado pelo próprio governador Roberto Requião como “inadmissível”.

No entanto, o coronel Jorge Costa Filho, da Polícia Militar, disse ontem que a realocação “não é uma represália”. Segundo ele, foi determinada para “evitar atritos” e “manter a cordialidade e tranqüilidade na apuração dos fatos”.

MP

Ontem, foi a vez de o Ministério Público (MP) Estadual reunir autoridades para falar sobre os quilombos. Coincidentemente, o encontro já estava marcado antes dos acontecimentos da semana passada.

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O panorama atual apresentado é preocupante, segundo a promotoria, já que há pouca presença do poder público nesses locais. Para o procurador-geral de Justiça do MP, Olympio Sotto Maior, a reunião visa a definir medidas para impedir que se reproduzam nas outras comunidades a situação que aconteceu em Doutor Ulysses. “As comunidades precisam receber uma resposta do Estado em relação à situação que hoje experimentam”, afirmou.

Sobre o caso do quilombo do Varzeão, Sotto Maior informou que o MP irá aguardar a conclusão do inquérito da Polícia Civil para “adotar as medidas legais cabíveis”. De acordo com o delegado Miguel Stadler, chefe do Centro de Operações Especiais (Cope), as investigações devem demorar de duas a três semanas.