Fábrica de explosivos

Novas explosões em Bocaiúva; Justiça pede prisão preventiva de empresário

Os moradores de Bocaiúva do Sul, onde dezenas de casas foram atingidas após uma explosão de cerca de 10 toneladas de dinamite na fábrica Explopar no último sábado (8), ouviram uma série de explosões na tarde desta segunda-feira (10). A diferença é que dessa vez tinham sido alertados e o procedimento foi feito para garantir a segurança na área.

Cerca de 42 mil espoletas que estavam armazenadas na fábrica, que fica na Estrada do Aterradinho, próximo ao quilômetro 24 da Estrada da Ribeira, foram detonadas, em uma ação que envolveu o Exército, Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Ministério Público.

As espoletas – acessórios dos explosivos conhecidos como “iniciadoras”, que são mais sensíveis – foram destruídas para que as outras aproximadamente 60 toneladas de dinamite pudessem ser removidas do local sem risco. De acordo com o delegado Mário Sérgio Bradock, esse material foi apreendido e encaminhado ao depósito de uma empresa especializada em armazenagem desses produtos.

Espoleta19A preocupação principal era a remoção desses materiais que permaneceram no local da explosão, segundo o delegado. Ele disse que os próximos passos da investigação são continuar ouvindo as pessoas envolvidas e aguardar o laudo do Instituto de Criminalística.

O dono da empresa, Milton Limo da Silva, 61 anos, foi preso. Ontem à tarde, a Justiça pediu a prisão preventiva dele, o que significa que não há prazo para ele ser libertado enquanto durar o inquérito. A defesa disse que vai pedir um habeas corpus para libertar o empresário.

O proprietário foi autuado por explosão consumada, dano ao patrimônio público e privado, e por ter colocado a vida de várias pessoas em risco. Conforme Bradock, foram devastados 50 mil metros quadrados e 150 famílias foram afetadas. O delegado explicou que, se o suspeito permanecer preso, o inquérito deve ser concluído em 10 dias. Caso ele seja liberado, o prazo será de 30 dias.

Espoleta9À polícia, o dono da fábrica afirmou que o que causou a explosão foi um incêndio criminoso. “Se ele tá dizendo que houve incêndio criminoso, foi por que? Porque não tinha segurança”, afirmou o delegado. Ele contou que há 25 dias, quando foram furtados 105 kg de dinamite da Explopar, ele procurou o Exército pedindo a interdição da empresa, porque considerou a segurança da área precária: pouca luz, sem câmeras de segurança, sem vigilância.

A empresa está instalada em Bocaiúva do Sul há mais de 20 anos, quando não existiam vilas próximas. “Então dava para dizer que era até seguro. Das duas uma: ou o governo cancelava a licença para ela operar, ou não deixava que as pessoas habitassem em volta”, considerou Bradock.

Fiscalização

Em nota, o Exército Brasileiro (EB) informou que, por meio do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 5ª Região Militar (SFPC/5), no Paraná e em Santa Catarina, tem por atribuição controlar e autorizar as atividades de produção, armazenamento, comercialização, transporte e utilização de produtos controlados, dentre os quais explosivos.

Segundo o Exército, a Explopar é registrada no EB com o Certificado de Registro número 3563 e está autorizada a armazenar até 200 toneladas de explosivos.

Ainda segundo a nota, em virtude da explosão uma equipe do Exército foi deslocada ao local para realizar avaliação de danos, bem como fiscalizar ações de remoção e destruição dos explosivos que sobraram. Também foi instaurado um Processo Administrativo para apurar o ocorrido.

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