Obra com custo 25% maior

Colégio Estadual do Paraná deve ter reforma que custou R$ 20,9 milhões concluída em setembro

Prédio do Colégio Estadual do Paraná. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

A obra de restauração do prédio do Colégio Estadual do Paraná (CEP) iniciada em 2018, e tida como a maior intervenção já feita no prédio histórico de 70 anos, deve ser entregue no próximo mês de setembro. O valor total da obra, que será entregue com atraso – o prazo previsto inicialmente era 2021 –, é 25% maior do que o constante no projeto inicial, tendo saltado de R$ 16,9 milhões para R$ 20,9 milhões. Parte dos trabalhos não foram realizados por se basearem em tecnologias obsoletas. Mesmo assim, as últimas medições apontam que os trabalhos atingiram 100%, o que permite que a obra seja recebida pelo Governo do Paraná.

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Em entrevista, o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), Marcelo Pimentel Bueno, informa que os aumentos tanto no prazo quanto nos custos eram esperados. A justificativa, segundo ele, é que essas alterações em relação às cifras e prazos previstos inicialmente foram causadas pela pandemia de Covid-19. A Fundepar é responsável por obras e reparos nos estebelecimentos de ensino estaduais.

De acordo com Bueno, houve um período no qual os trabalhos de restauro tiveram que ser suspensos. O aditamento do contrato, com a concessão de mais prazo para que a obra fosse concluída, é considerado normal. “A pandemia atrapalhou tanto a obra quanto a rotina da escola. Quando os trabalhadores foram autorizados a retornar, tinham o prédio vazio, só para eles. Para a obra isso foi bom, mas para os professore e estudantes não. Eles tiveram que ser realocados em outros locais enquanto o restauro do prédio estava sendo feito. Mas no ano passado os alunos voltaram às aulas, e a programação precisou ser reajustada”, apontou.

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Houve também reajustes nos valores da obra, tanto pela aplicação anual de um índice de reequilíbrio financeiro previsto em contrato quanto pelo aumento de custos de materiais e serviços provocados pela pandemia, comentou o diretor. “Os índices de reajuste anual subiram muito, assim como os valores dos materiais e de serviços. Alguns quantitativos aumentaram bastante, principalmente quando se começa a mexer em um determinado ponto e se descobrem outros que não haviam sido previstos inicialmente. É uma casa de 70 anos, quem já fez reforma sabe. Quando se começa a mexer em algo, vai descobrindo uma ou outra coisa para ser feita. Esse aumento até está dentro das expectativas, o que ninguém esperava é que houvesse a pandemia”, disse.

Trabalho de marcenaria revitalizou pisos de madeira

A obra de restauro do Colégio Estadual do Paraná teve elogios e críticas da comunidade escolar ouvida pela Gazeta do Povo. O trabalho feito nas salas de aula, em especial nos tacos de madeira dos pisos – totalmente revitalizados por um trabalho extensivo de marcenaria feito dentro do próprio colégio – foi elogiado pelos estudantes. Os banheiros, com novos equipamentos e estrutura hidráulica, também foram muito bem recebidos, assim como o ginásio e as áreas comuns da escola.

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Já a falta de conclusão da instalação da estrutura cênica de luzes do auditório é um ponto de crítica. O diretor-presidente do Fundepar explica que este trecho específico do projeto de restauro, elaborado em 2015 e posteriormente doado pela Volkswagen ao Governo do Paraná, estaria obsoleto. Os aparatos descritos no projeto, explicou Bueno, estavam defasados e já não eram possíveis de serem adquiridos no mercado. Sem alternativas disponíveis, a opção foi fazer um novo aditivo ao contrato, desta vez para retirar esse ponto específico, para que a obra não ficasse “encalhada”.

“Entre manter a obra inacabada por causa de produtos e materiais que são inviáveis de serem utilizados simplesmente por não estarem mais disponíveis do mercado e retirar esses pontos do contrato para serem atacados em um novo projeto em breve, preferimos a segunda opção. Esse projeto vai ser refeito em um futuro próximo, porque se trata de pontos que não impactam as aulas de forma tão significativa. Creio que dentro de mais uns cinco anos teremos um novo projeto para essas e outras novas áreas dentro do Colégio Estadual do Paraná”, comentou Bueno.

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A reportagem apurou que há também preocupação com o mobiliário original do colégio, feito em sua maioria de madeira de lei maciça. Armários e cadeiras, como as do auditório, foram removidos do Colégio Estadual do Paraná e armazenadas em um galpão no Parque da Ciência Newton Freire Maia. Questionado sobre as condições de armazenamento desses móveis, o diretor do Fundepar garantiu que para o parque foram encaminhados os móveis com possibilidade de serem reutilizados. Outros, danificados por mau uso e pelo tempo, foram restaurados ou mesmo substituídos.

“O objetivo era recuperar o máximo possível desses materiais, porque muitos desses móveis, cadeiras, armários, são feitos de madeiras que hoje não estão mais disponíveis para compra. Mas parte desse acervo acabou se degradando, inclusive por causas naturais. Foi montada uma marcenaria lá dentro do colégio porque tivemos que buscar algumas alternativas no mercado. Afinal, foram 70 anos de uso. Mas eu posso garantir que foi tomado um cuidado mais do que especial, seguindo tudo o que estava previsto no projeto”, disse.

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Esses e outros pontos de não-conformidades já foram identificados em uma vistoria feita há algumas semanas no Colégio Estadual do Paraná. Nas contas de Bueno, o laudo tem 20 páginas e traz detalhes como a instalação de tomadas em locais que dificultam o uso de equipamentos elétricos e a necessidade de reparo de estruturas já entregues em 2020. As correções foram solicitadas à empresa responsável, que por contrato precisa oferecer cinco anos de garantia sobre a obra. Outras duas vistorias ainda estão agendadas antes de a obra ser considerada entregue ao Estado.

“A empresa vai voltar, arrumar, ajustar, sem problema nenhum. Isso não nos preocupa, porque tudo isso foi identificado nessa vistoria de pendências. A direção da escola está acompanhando a obra, verificando o que está funcionando e o que precisa de reparo. No final das contas, o benefício trazido pela reforma vai manter a escola funcionando perfeitamente por mais 20 anos, pelo menos. Mas o nosso objetivo é não deixar passar tanto tempo para que uma nova intervenção seja feita. Num geral, uma obra de restauro demanda mais capricho que velocidade. Por isso, preferimos concluir, considerar a obra entregue, e ela ficou maravilhosa”, avaliou o diretor.