Cota para candidatas mulheres não basta, diz ministra

Rio de Janeiro – A participação das mulheres na política brasileira não apresenta uma evolução satisfatória porque elas continuam competindo com os homens sem igualdade de condições. A avaliação foi feita ontem (5), no Rio de Janeiro, pela ministra Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

A ministra disse que a reserva de vagas para as mulheres que querem ser parlamentares (30%), obrigatória aos partidos políticos, deve ser aliada a outras ações que garantam que as mulheres tenham o mesmo espaço público que os  homens.

Nilcéia, que participou da terceira edição do seminário ?A mulher e a mídia?, promovida pelo Instituto Patrícia Galvão, lembrou que as mulheres continuam sobrecarregadas com as tarefas domésticas e os cuidados com a família, o que contribui para que estejam em  desvantagem em relação aos homens. Outro fator, segundo ela, é que a mulher é mais critica do que o homem com relação à política e se preocupa mais com eventuais escândalos.

?Além de assumir múltiplas responsabilidades na sociedade, as mulheres talvez se sintam mais devedoras de explicação, de dar satisfações a diferentes espaços na sociedade, inclusive perante seus filhos e sua família?, avaliou.

Também no seminário, a vice-diretora do escritório brasileiro do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), Júlia Puglia, enfatizou que um levantamento realizado pelo fundo mostra que a participação da mulher brasileira na política é bem menor do que em países vizinhos, como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.

Entre 135 países analisados, o Brasil ocupa a 102ª posição. Para a representante da Unifem, essa desvantagem do Brasil é preocupante, ?já que o normal em países em desenvolvimento é um avanço da participação feminina na política?.

?O quadro político brasileiro hoje é muito desestimulante e a gente tem que admitir que isso se reflete no interesse das mulheres também, mas basicamente atribuo essas dificuldades de acesso ao poder à questão das máquinas partidárias. Ao estabelecer cotas para as mulheres, restringem a participação feminina no processo eleitoral?, concluiu.

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