Comunidade Escola já envolve 40 mil pessoas

Mais de 40 mil pessoas já participaram das atividades do Comunidade Escola, programa da Prefeitura de Curitiba que transforma unidades de ensino em espaços de conhecimento e oportunidades para crianças, jovens e adultos. Nove escolas, uma em cada regional da cidade, integram o projeto piloto e desde maio desenvolvem atividades de educação e cidadania, com ações de esporte e lazer, saúde, inclusão digital, cultura e empreendedorismo. Até o final deste ano, outras 26 unidades serão integradas ao programa.

Selecionadas por professores e diretores em seminário realizado em abril, as nove escolas pioneiras do programa estão, há três meses, atuando nos finais de semana. Foram 26 sábados e domingos que transformaram pátios, salas de aula, corredores, áreas cobertas e refeitórios em pontos de encontro, diversão e conhecimento para toda a comunidade.

A oferta de centenas de atividades é possível graças ao envolvimento dos servidores municipais de todas as áreas e também de aproximadamente 100 voluntários.

Na Escola Municipal Eny Caldeira, por exemplo, 20 pessoas estão levando para a comunidade da Regional Boa Vista, 22 cursos e atividades que vão de informática, aulas de dança e artes até marcenaria.

O web desing Cleverson Werkhäuser faz parte do grupo de voluntários. Ele aproveita o recesso das atividades que realiza em uma empresa de soluções para internet para ensinar informática na escola. A motivação para o voluntariado vem da sua própria experiência. "Quando jovem, tive dificuldades para cursar informática, pois não existiam opções gratuitas. Sei da importância que este tipo de conhecimento tem na vida das pessoas", explica Cleverson.

As aulas acontecem no laboratório de informática da escola. São duas turmas no sábado pela manhã e outras duas no domingo. "Cheguei a rejeitar um trabalho remunerado porque teria de abrir mão de ser voluntário. Estou me realizando como pessoa e cumprindo um objetivo que havia traçado" declarou.

Quem antes ia para escola apenas para levar ou buscar os filhos também encontrou no programa oportunidade para começar a colocar em prática objetivos de vida. A doméstica Regina Weinert de Lima, mãe de duas alunas da escola, se prepara para um vestibular de artes plásticas. Aos sábados, aproveita as aulas dadas por Cleverson para enriquecer seu currículo.

"A oportunidade chegou para quem quer ter a escola como referência de vida", disse Regina. A participação dela contou com um empurrãozinho das filhas. "Fizemos uma troca. Eu as incentivei a aprender tricô e elas me incentivaram a perder o medo do computador", conta, orgulhosa pelo desempenho da família.

O envolvimento entre voluntários e participantes do programa ganha força a cada nova edição. A professora de axé Greice de Lourdes Berezoski viu sua turma crescer rapidamente. "Começamos apenas com meninas da escola mas, aos poucos, mães de alunos e até mesmo quem não tem parentes na escola aderiu ao ritmo das aulas", comemora a voluntária.

As aulas de dança, aos sábados pela manhã, são divididas em diferentes estilos. À tarde, a atividade é direcionada aos grupos da terceira idade, que até baile já organizaram na escola. "A integração foi um dos principais avanços que o programa Comunidade Escola nos trouxe. Descobrimos a verdadeira essência da vida", disse a coordenadora do programa na unidade, Maria do Carmo Alves Cardoso.

Mudança – Planejado pela Prefeitura de Curitiba com a participação e envolvimento de todas as secretarias municipais, o Comunidade Escola valoriza as famílias, contribui para a formação humana e a melhoria nas condições de aprendizagem dos alunos. Outro importante foco é a disseminação da cultura da paz, como forma de prevenção contra a criminalidade e violência.

As diferentes possibilidades de desenvolvimento das comunidades têm chamado a atenção de quem antes via a escola apenas como espaço para crianças. "A dimensão educacional extrapolou a sala de aula e alcançou os desejos da sociedade", avalia um dos coordenadores do programa na Escola Municipal Caic Bairro Novo, Adilson Abuquerque.

A participação nas atividades é aberta a todos. A programação de cada escola é definida em conjunto pela direção, professores, alunos, pais e comunidade. A idéia é fazer com que as pessoas percebam e valorizem a escola como espaço aberto à comunidade. A oferta de atividades dirigidas também ajuda a levar para espaços seguros quem antes só tinha as ruas como espaço para o lazer.

Para a educadora social da Fundação de Ação Social (FAS), Sônia Trapp, o programa vem trazendo bons reflexos para a comunidade dos bairros onde foi implantado. Em julho, ela desenvolveu no CAIC Bairro Novo uma oficina de teatro para meninos. Mesmo no recesso escolar eles não deixaram de freqüentar a escola para participar das atividades oferecidas pelo programa.

"Oferecemos atividades para valorizar o que cada criança tem de melhor. Com o teatro incentivamos a criatividade, espontaneidade e o improviso", explicou Sônia. Um dos destaques durante as aulas de teatro, o garoto Tiago Rafael Dias dos Santos, de 11 anos, acumula também o título recordista em participações do Comunidade Escola.

"Dividir a bola nos jogos de vôlei e futebol é fácil. Difícil é esperar chegar sábado e domingo pra participar de todos os jogos e brincadeiras que tem na escola", conta Tiago. Aluno da 5ª série do CAIC Bairro Novo, o menino disse se orgulhar de ver a escola se transformar em espaço de lazer. "Convido todo mundo lá de casa para fazer alguma coisa na escola. Tem curso que até o adulto gosta de fazer", disse o garoto.

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