CNI se diz surpresa com queda das horas trabalhadas

Brasília – Os indicadores industriais de março, divulgados hoje (4) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), surpreenderam ao registrar uma queda de 0,7% no número de horas trabalhadas na produção, sem efeitos sazonais. Paulo Mol, economista da entidade, disse que esperava um aumento em março, sinalizando a retomada da produção.

Em fevereiro, as horas trabalhadas cresceram 2,4% em relação a janeiro, o que levou a CNI a prever o fim do processo de ajuste de estoques, iniciado no segundo semestre do ano passado.

"Os dados de março ainda não apresentam o vigor que se esperava" afirmou Mol. "Vamos ter que esperar abril para ver se todo o processo de redução dos estoques foi concluído."

As horas trabalhadas na produção também registraram uma queda de 0,19%, no acumulado do primeiro trimestre de 2006, na comparação com o quarto trimestre de 2005. O indicador caiu pelo terceiro trimestre consecutivo.

No entanto, Mol acredita que o cenário para os próximos meses será positivo. O aumento das vendas industriais nos últimos meses, segundo ele, indica um crescimento da demanda doméstica, o que deve levar à expansão da produção no futuro.

As vendas reais na indústria cresceram 0,86% em março na comparação com fevereiro, na série livre de efeitos sazonais. No acumulado do primeiro trimestre, apresentaram expansão de 2,26% na comparação com o último trimestre de 2005, interrompendo uma queda de dois trimestres consecutivos.

Mol disse que o ritmo das vendas é forte como o de 2004, mesmo com a perda de rentabilidade das empresas exportadoras em função da valorização do real. Segundo ele, a perda de rentabilidade dos exportadores foi de 25,6% no ano passado, quando comparado ao de 2002.

A expansão das vendas contrasta não só com os dados das horas trabalhadas na indústria mas também com o nível da utilização da capacidade instalada, que mede a folga com que a indústria vem trabalhando para atender a demanda.

Em março, o uso do parque industrial ficou em 81,1% da capacidade total. O indicador vem se mantendo estável nos últimos seis meses, mas registrou o menor patamar para meses de março desde 2003. Por isso, a CNI acredita que não existem riscos de gargalo na produção em 2006, ainda que o ritmo da atividade industrial se acelere ao longo do ano.

Uma surpresa positiva foi o resultado do emprego industrial, que teve um aumento de 0,27%, na comparação com fevereiro, e de 0 17% no acumulado do primeiro trimestre de 2006 em relação ao último trimestre de 2005. O resultado significa uma inversão na trajetória de queda registrada nos últimos dois trimestres de 2005.

Para Mol, o crescimento do emprego em fevereiro e março, após dez meses de estabilidade, é uma sinalização importante de que haverá um crescimento do emprego nos próximos meses. "Os dados mostram que se a indústria está contratando é porque espera uma expansão da produção", avaliou o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

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