Senado é solidário com Grafite

Brasília – O jogador de futebol Edinaldo Batista Libânio, conhecido como Grafite, recebeu ontem moção de solidariedade e apoio dos senadores, durante audiência pública pela passagem do Dia da Abolição da Escravatura. Durante a solenidade, o jogador pediu que todas as vítimas de discriminação recebam o mesmo tratamento e apoio que ele recebeu de todos os brasileiros.

No dia 13 de abril, Grafite foi insultado pelo jogador argentino Leandro Desábato, que o chamou de "macaco", durante jogo entre o São Paulo e o Quilmes. Grafite deu queixa e Desábato saiu preso do jogo. O jogador são-paulino informou que vai apresentar queixa-crime contra o argentino na semana que vem. Grafite disse que, durante a sessão no Senado, pôde sentir a dimensão de sua atitude. "Estou feliz com o reconhecimento. Agora, faço parte dessa luta também", afirmou.

Lei Áurea

Os 117 anos da Lei Áurea, que determinou a abolição da escravatura, foram lembrados em audiência que reuniu autoridades e representantes de diversos movimentos sociais, que discutiram formas de eliminação do preconceito racial e da discriminação. A secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ministra Matilde Ribeiro, disse que o Brasil é um país racista e que, nestes 117 anos, muitas ações poderiam ter sido feitas para incluir a população negra. "Nós temos, ao longo dessa história, políticas descontínuas por parte dos governos municipais, estaduais, governo federal. Atualmente, nós temos um avanço, que é a criação dessa secretaria que eu coordeno. É a primeira vez na história que passa a existir um organismo em âmbito no primeiro escalão do governo", ressaltou Matilde.

Segundo a ministra, a Seppir vem atuando em várias frentes, em conjunto com ministérios, com o objetivo de inserir a temática nas políticas públicas de educação, trabalho, esporte e moradia, tendo como foco políticas para as comunidades remanescentes de quilombos, mas também a revisão de todos os planos que dão consistência às políticas públicas nas várias áreas sociais.

A ministra disse que há uma campanha organizada por 40 organizações que parte da pergunta: Onde você guarda o seu racismo? "O Brasil tem uma certa flexibilidade no convívio, não vivemos uma situação de racismo instituído por lei, mas, nesse mesmo convívio flexível, nós enfrentamos dificuldade para inserção pública", afirmou. Durante a audiência, a representante da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Edna Roland, propôs aos parlamentares que se faça pedido formal de desculpas pelos quatro séculos de escravidão. 

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