Presidente enfrenta disputa entre ministros

Brasília – Com uma equipe de 34 ministros e secretários especiais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já enfrenta em seus 26 dias de governo as primeiras disputas de poder dentro do ministério, com trombadas e recuos. O primeiro embate surgiu com a discussão da reforma da Previdência, com o ministro Ricardo Berzoini debatendo em público pontos polêmicos como a aposentadoria de militares e juízes e recuando diante das pressões.

A discussão antecipada desagradou a Lula, que criou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, coordenado pelo ministro Tarso Genro, exatamente para discutir a reforma publicamente e servir de guarda-chuva, protegendo os ministros, principalmente Berzoini, dos embates diretos.

Outro foco de disputa surgiu em torno da proposta de regularização de lotes em favelas. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, anunciou em entrevista que trataria da questão, apesar de Lula ter criado o Ministério das Cidades, comandado por Olívio Dutra, para cuidar desse tipo de problema. Não avisou antes a Olívio. No Planalto, a atitude de Bastos causou surpresa e certo desconforto.

Assessores do presidente disseram não entender a atitude do ministro da Justiça, que, diante do mal-estar, decidiu se reunir com o ministro Olívio Dutra e sua equipe para afinar o discurso.

A avaliação de Lula, manifestada num encontro com dez líderes de partidos aliados, é que os ministros estão falando demais e que é preciso conter a ansiedade. A palavra ansiedade tem sido a mais usada no Palácio do Planalto para simbolizar o comportamento dos ministros nesses primeiros dias de governo.

Lula constatou o problema nas reuniões diárias que tem com seu Conselho de Comunicação, formado pelo porta-voz André Singer, pelo secretário de Imprensa, Ricardo Kotscho, e pelo ministro de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken. O presidente delegou a eles, principalmente a Gushiken, a tarefa de tentar acabar com os desencontros.

A intenção de Lula com isso é se preservar ao máximo desse tipo de problema, deixando para passar seus recados ao seu Conselho de Comunicação. Para dar respaldo às iniciativas desse núcleo, Lula ampliou os poderes da pasta de Gushiken, que passou a se chamar Ministério da Comunicação de Governo e Gestão Estratégica.

Voltar ao topo