PMDB vai unido levar os pedidos a Lula

Foto: Lucimar do Carmo/O Estado

Michel Temer: unindo o partido para levar mais do governo.

 O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), decidiu convidar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a acompanhá-lo no encontro que terá quarta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do apoio do partido ao governo. ?O senador Renan é o presidente do Senado e do Congresso, tem um cargo institucional e será importante que esteja presente na reunião com Lula?, disse Temer.

Por trás do convite a Renan está a comemoração de um fato que ninguém era capaz de imaginar nos últimos tempos: a união do PMDB. Temer e Renan são – ou eram – de alas opostas no partido. O primeiro sempre procurou distância do presidente Lula. Apoiou a candidatura do tucano Geraldo Alckmin e, depois do segundo turno da eleição presidencial, tentou manter o PMDB longe do governo. O segundo sempre trabalhou pelo apoio do partido ao governo, ajudou Lula na campanha eleitoral e agora, depois do segundo turno, juntou-se ao senador José Sarney (AP) e ao deputado Jader Barbalho (PA) para formar o grupo que se contrapunha a Temer.

A divisão do partido aparentemente acabou na sexta-feira, quando o grupo de oposição, em clara minoria, tentou fazer uma reunião de governadores em Florianópolis, mas só conseguiu arregimentar três dos sete governadores eleitos. Fragilizados, eles capitularam. Desistiram até da proposta de lutar para que o PMDB permanecesse independente. Decidiram oferecer-se para também participar da base de sustentação do presidente Lula no Congresso. Mas tiveram o cuidado de dizer que a relação deverá ser institucional, sem a disputa por cargos.

?Tínhamos a intenção de fazer a proposta da união de todos no encontro marcado para Florianópolis. Como quatro governadores não compareceram, decidimos então redigir uma carta em que mostramos que nosso propósito não é o de dividir, mas de somar?, afirmou o governador eleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira.

Temer disse que no encontro com Lula levará a carta dos três governadores que participaram da reunião de Florianópolis – Luiz Henrique, André Puccinelli (MS) e Roberto Requião (PR) – na qual eles anunciam que desejam participar da base governista no Congresso e fazem uma série de pedidos ?institucionais?. Entre eles, a retomada do desenvolvimento nacional com base num pacto federativo que resulte na renegociação das dívidas de estados e municípios com a União, geração de emprego, elevação da renda e inclusão social, além de reformas política e tributária já no próximo ano.

Companheiro

Na contramão de seus colegas do sul e do Mato Grosso do Sul, o governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB) não hesitou um minuto em cair nos braços de Lula. E o presidente está comemorando a possibilidade de ter um aliado no Rio de Janeiro, estado que no atual governo teve um adversário ferrenho na pessoa do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), marido da governadora Rosinha Garotinho (PMDB).

Lula disse que agora existe ?uma chance única? para o bom relacionamento do Rio com o governo federal: ?Pode tomar posse no dia 1.º (de janeiro) com a tranqüilidade de quem vai ter um presidente da República que fará o possível e o impossível para ser o seu companheiro nos bons e nos maus momentos?, disse um entusiasmado Lula a Cabral, ao discursar no evento do Dia Nacional de Mobilização Contra a Dengue, na escola da Vila Olímpica da Mangueira, na zona norte do Rio. Ele estava acompanhado dos ministros da Saúde, Agenor Alvarez, e das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Equipe: Lula diz que não tem pressa

Brasília (AE) – O verbo desobstruir foi usado ontem várias vezes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como forma de enfatizar sua prioridade na transição do primeiro para o segundo mandato do governo. Em rápida entrevista, ele disse que não está preocupado com a formação da equipe ministerial. ?A minha preocupação neste primeiro momento é resolver os problemas para desobstruir o Estado brasileiro, tanto na parte da possibilidade de investimentos quanto os problemas que temos em meio ambiente, no Ministério Público, do Tribunal de Contas da União, da Justiça Federal e os institutos estaduais que cuidam do meio ambiente?, disse o presidente.

Ele acrescentou que ?tem tanta coisa, que às vezes fazem uma obra demorar? e que vai se dedicar ?nesse primeiro período a desobstruir, do ponto de vista econômico, para que a gente possa ter crescimento, do ponto de vista da infra-estrutura, para a gente começar o ano fazendo tudo o que não foi feito no primeiro mandato?.

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