No Mato Grosso do Sul, Força Nacional quer neutralizar PCC

Foto: Beto Barata/Agência Estado

Duzentos homens da Força Nacional foram designados para atuar no mato Grosso do Sul.

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e uma equipe de inteligência da Força Nacional de Segurança prenderam, nos últimos 10 dias, 25 homens acusados de terem relações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). São responsáveis pelo tráfico de drogas provenientes da Bolívia e do Paraguai – distribuídas principalmente em São Paulo – e, possivelmente, pela entrada ilegal de armas no País.

O grupo de inteligência da Força Nacional vinha trabalhando no MS há 10 dias, mas o governo do estado e o Ministério da Justiça não confirmavam a informação. São cerca de 20 homens trabalhando com a Polícia Civil em investigações. "Não adiantava mandar simplesmente a tropa. Aqui não havia gente morrendo na rua, as rebeliões foram contidas nos presídios", disse Luiz Fernando Corrêa, secretário nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça. "Começamos com um trabalho de inteligência para preparar a chegada das tropas."

Ontem chegaram os 200 homens e mulheres da Força Nacional de Segurança que farão o patrulhamento ostensivo de cidades e fronteiras com a Bolívia e Paraguai, por onde entram drogas e armas no País. Em uma cerimônia em Campo Grande, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, assinou, com o governador José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, um convênio que garante a ajuda da tropa por 60 dias.

Mato Grosso do Sul é, segundo a Polícia Civil do estado, caminho das drogas e armas que abastecem o PCC em São Paulo. O governo do estado apelou há 10 dias ao governo federal para que enviasse tropas da Força Nacional de Segurança. Armados com carabinas, coletes à prova de balas, capacetes especiais e 25 caminhonetes Nissan com tração nas quatro rodas, os homens das Força Nacional começam nesta sexta-feira o trabalho efetivo nas ruas.

Ontem o chamado "gabinete da crise" do estado, com representantes das polícias Civil e Militar do estado, o coordenador da Força e representantes do Ministério da Justiça e da secretaria de segurança local, passaram boa parte do dia reunidos para definir a atuação das tropas. Há divergências se os homens presos são diretamente ligadas à facção ou apenas aliados que estão trabalhando diretamente com o grupo. Na quarta-feira foram presos mais quatro. "Um deles é uma espécie de caixa. Levanta o dinheiro que é repassado para o grupo", afirma o diretor-geral da Polícia Civil do estado, Wagner Silva.

A ação do PCC nos presídios do MS apareceu quando começou a série de 74 rebeliões em prisões paulistas, lideradas pela facção, e as do MS se rebelaram em "solidariedade". Parte dos presídios foi destruída, o que levou o governo do estado a colocar policiais militares dentro das unidades para trabalhar junto com os agentes penitenciários.

Cada homem da Força Nacional vai receber, do governo federal, R$ 116 por dia. O total de diárias será de R$ 23,2 mil. A alimentação e a hospedagem serão feitas nos quartéis da PM local e, a princípio, o combustível dos automóveis também será pago pelo estado. No final da operação, o governo estadual ficará com todo equipamento usado pelos soldados – exceto os carros.

32 corpos ainda sem identidade

São Paulo (ABr e AE) – O Ministério Público de São Paulo divulgou uma lista com os registros de morte de 171 pessoas durante os ataques da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e a reação das forças de segurança do estado. O documento registra 131 civis mortos, dos quais 99 com os nomes e 32 ainda não-identificados. Ou seja, não se sabe a identidade de um em cada cinco mortos. A lista traz também os nomes de 40 agentes públicos mortos: 23 policiais militares, seis agentes de segurança penitenciários, oito policiais civis e três guardas municipais.

Os documentos relativos aos ataques foram entregues pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) ao procurador-geral do MPE, Rodrigo Pinho, nos dias 25 e 26, após determinação judicial. O secretário Saulo de Castro Abreu Filho não concordou em divulgar os nomes das vítimas, antes do final das apurações. Ele alegou que isso poderia colocar em risco as famílias dos civis mortos ao associar indevidamente civis que não pertenciam ao PCC a criminosos que de fato atacaram os policiais. O secretário deixou a critério do Ministério Público publicar ou não uma lista com os nomes das vítimas.

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