O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) d. Geraldo Lyrio Rocha, admitiu que não há consenso dentro da Igreja em relação à greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio contra a transposição do Rio São Francisco. "Em torno dessa questão não tem muita unanimidade", disse. Após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Planalto, d. Lyrio Rocha disse que uma parte dos bispos avalia que d. Cappio põe em risco a própria vida, o que afronta as pregações da Igreja. Já outra parte argumenta que o religioso não busca a morte.
O presidente da CNBB evitou comentar a conversa que teve com o presidente Lula. "É claro que todos nós tememos a morte do bispo por isso a CNBB desejou conversar com o presidente Lula", afirmou. "Queremos d. Luiz vivo", afirmou. Em diversas ocasiões, Lula reclamou da postura do bispo Cappio. O presidente disse que optará pela vida de milhões de nordestinos que, segundo ele, dependem das obras de transposição. Na avaliação do presidente, a greve de fome do religioso é um problema da Igreja.
Diante do impasse, representantes da CNBB, ouvidos pela rádio Jornal do Commercio, de Recife, disseram que a entidade já pediu a orientação de especialistas em direito canônico. A CNBB quer uma avaliação do caso levando em conta as normas da Igreja. D. Geraldo Lyrio Rocha disse avaliar que a atitude de d. Cappio não é uma postura "suicida", mas admite que o protesto arranha a imagem da Igreja, especialmente num momento em que a instituição reforça a campanha contra a eutanásia e o aborto. "Claro que a vida de um bispo é a vida da Igreja", afirmou.
Em carta entregue ao presidente Lula, a CNBB ressalta estar à disposição para colaborar na retomada do diálogo entre o governo e d. Cappio. A entidade argumenta que a comissão mista com representantes do governo e da sociedade para discutir a questão das obras no São Francisco, criada em 2005, após a primeira greve de fome de d. Cappio, não atendeu "plenamente" os objetivos propostos.