Ministro defende implantação de projetos econômico-educativos na Amazônia

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, defendeu nesta sexta-feira (15) a implantação de um programa econômico-educativo que dê suporte aos indígenas que vivem na Amazônia. Segundo ele, o assunto precisa ser priorizado ou haverá risco de ocorrer uma desintegração social indígena.

Eu acho que esse é o grande tema de debate: como dar aos indígenas os instrumentos econômicos e educativos para que eles decidam, coletiva e individualmente, se querem manter as suas culturas ou se querem transformá-las. Do contrário, nós ficaríamos numa combinação paradoxal de generosidade e de crueldade, com risco de os povos indígenas afundarem na desintegração social, por desespero, por falta de alternativas, disse o ministro.

Unger participou de debate promovido pelo Grupo de Altos Estudos (GAE) da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão.

Ele destacou que as reservas indígenas precisam de uma política adequada de incentivo s suas populações e que a política indigenista brasileira precisa ser revista. A idéia é que os índios tenham terras, mas que isso esteja atrelado ao desenvolvimento auto-sustentável.

O ministro enfatizou que a regularização fundiária é o maior problema da Amazônia. E indicou que a falta de uma regularização de terras adequada torna a região um caldeirão de insegurança jurídica. Segundo ele, enquanto isso [regularização de terras] não for feito, não se consegue resolver grande parte dos problemas daquela região. Segundo o ministro, 21% das áreas amazônicas são ocupadas por aldeias que estão desamparadas.

Para manter o desenvolvimento sustentável da Amazônia, e não uma situação de santuário intocado, ele afirma que a pecuária extensiva deve ser combatida por meio do estímulo a soluções que valorizem os pequenos produtores e a produção de forma sustentável. A pecuária intensiva, a piscicultura e a produção de biodiesel foram algumas soluções apontadas pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Para o ministro, o país deve pensar em desenvolvimento sustentável includente e não em conservação pura e simples. Não se pode pensar na Amazônia sem pensar no desenvolvimento do Brasil, assegurou.