Lista de Furnas é falsa, afirma Dimas

Em cinco horas de depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-diretor de Engenharia da empresa Furnas Centrais Elétricas Dimas Toledo negou ontem ser autêntica a lista com políticos que teriam recebido doações de um caixa dois eleitoral da estatal, mas confirmou que "conhece ou manteve contato" com vários dos integrantes da relação.

Toledo também negou ter feito qualquer pagamento para políticos – nem mesmo para o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) -, mas confirmou ter tido um encontro com ele, em abril. Deu, porém, nova versão para o episódio, desmentindo o ex-parlamentar, que o acusara de oferecer R$ 1,5 milhão por mês ao PTB para ficar no cargo.

Toledo relatou que, de 1996 a 2002, manteve contatos com diversos políticos, entre eles, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), pré-candidato à reeleição, em ação coordenada pela presidência de Furnas para evitar a privatização da empresa. Ele também contou que é amigo de Aécio Cunha, conselheiro de Furnas e cujo avô fora companheiro de partido de seu próprio avô.

Da suposta listagem, o ex-diretor da estatal admitiu conhecer ou ter mantido relações também com Vadão Gomes, Medeiros (o pré-nome não é especificado), Luiz Carlos Santos, Aloisio Nunes Ferreira, Paulo Feijó, Márcio Fortes, Alexandre Santos, Francisco Dornelles, Roberto Jefferson, Danilo de Castro Eduardo Azeredo, Dimas Fabiano Júnior, Anderson Adauto, Saraiva Felipe, Osmanio Pereira, Gil Pereira, Agostinho Patrus, Antonio Julio, Carlos Melles, Roberto Brant, Odelmo Leão, Gustavo Valadares, Romeu Anizio Jorge, Dilzon Melo, Maria Olivia, Andréa Neves, Inocêncio de Oliveira, Francisco Luiz Gomide, Ricardo Barros, João Pizzolatti e José Carlos Aleluia.

O ex-dirigente de Furnas contou que realmente esteve com Jefferson em 2005, em Brasília, depois de ter sabido que o petebista queria uma conversa. Jefferson teria dito que seu cargo na empresa, de Engenharia, Planejamento e Construção, lhe fora oferecido. Disse que expôs a Jefferson que, tradicionalmente, o posto era ocupado por um funcionário de carreira de Furnas.

No fim da conversa, relatou, o petebista lhe disse que proporia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Toledo ficasse. O ex-dirigente também disse não ter conhecimento de qualquer reunião entre Jefferson e o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, sobre a nomeação, ou dos dois com Lula sobre o mesmo assunto.

O depoente também afirmou que Newton Monteiro, apontado como "divulgador" da lista, telefonou para uma de suas secretárias três vezes, pedindo um encontro, mas ele não o atendeu. Em uma ligação, contou, Monteiro se mostrou agressivo, afirmou ser do PT e ameaçou pedir a Lula a demissão de Toledo.

Em seu último telefonema, contou, Monteiro se disse representante da JP Engenharia e acabou atendido por um dos assistentes de Toledo, Osvaldo Cobra, que informou que o contrato da empresa com a estatal fora cancelado. Toledo também negou ter tido qualquer contato com Monteiro, nem mesmo no Bar Mistura Fina, no Rio, com um advogado.

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