João Paulo Cunha pede que Lula “esqueça” eleição

Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), criticou a nacionalização das eleições municipais e mandou um recado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Se eu pudesse falar para o presidente, eu diria: não se meta nas eleições municipais”, disse. “Você corre o risco de não ajudar seu candidato e ainda trazer problemas ao governo”, afirmou.

Para o presidente da Câmara, a incidência nacional nas eleições municipais é “residual”. “Porque em 1996 o presidente Fernando Henrique Cardoso não elegeu José Serra prefeito em São Paulo? Porque não há ligação direta”, ressaltou. Segundo João Paulo, o eleitor opta “pela cidade” ao escolher seu prefeito em vez de levar em conta o cenário nacional. A declaração do presidente da Câmara ocorre, por exemplo, dois dias depois de Lula jantar com senadores do PFL, entre eles o candidato do partido à prefeitura de Salvador, o senador César Borges. O encontro fortaleceu a candidatura do PFL e provocou a ira da chapa do PT, encabeçada pelo deputado Nelson Pellegrino.

Voto consciente

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal lançou ontem o material de divulgação da Campanha pelo Voto Cidadão, que pretende conscientizar o eleitor contra a compra de votos. O material, apresentado em solenidade que teve a presença do presidente da Câmara, João Paulo Cunha, inclui spots de rádio, videoteipes de televisão e cartazes ilustrados produzidos pelos veículos de comunicação da Casa.

Outra peça da campanha é a cartilha Guia do Cidadão, já disponível no site da Câmara (www.camara.gov.br), que explica como e onde o eleitor pode denunciar tentativas de compra de voto. O manual, com tiragem de 30 mil exemplares, também explica os dispositivos da Lei 9.840/99, único projeto de iniciativa popular aprovado pelo Congresso, que altera dispositivos do Código Eleitoral para combater o uso eleitoral do poder econômico e a compra de votos.

O lançamento do material foi acompanhado da apresentação do trio musical Cara Nova, de Brasília, que tocou o forró intitulado “Carona de Candidato”. A música critica os políticos antiéticos.

Reforma

Durante a solenidade, João Paulo Cunha defendeu a Reforma Política como solução para o alto custo das campanhas eleitorais. Ele disse que, no ritmo atual, em breve os candidatos pobres não conseguirão mais se eleger. “Precisamos de uma reforma que revolucione os pilares dos sistemas partidário e eleitoral”, disse.

Para o deputado, a adoção do financiamento público exclusivo das campanhas políticas permitirá que a sociedade conheça o limite de gastos a que todos os candidatos ficarão submetidos. “Dessa forma, a fiscalização pela sociedade e pelos partidos passará a ser natural, e nenhum candidato poderá usar o caixa 2 sem que todos percebam”, afirmou, ao lembrar que esse sistema já é adotado em vários países.

João Paulo também defendeu, entre as propostas que integram a Reforma Política, a adoção do sistema eleitoral de lista fechada, em que o eleitor vota no partido e não no candidato; o fim das coligações nas eleições proporcionais; e o fortalecimento da fidelidade partidária.

O deputado Chico Alencar (PT-RJ), um dos coordenadores da campanha, garante que a iniciativa ajudará os 120 milhões de eleitores a votar de modo mais consciente. Ele lembrou que 20% dos candidatos do Rio de Janeiro têm algum tipo de problema com a Justiça e sugeriu que o cidadão procure conhecer a história de vida dos candidatos. O deputado Orlando Fantazini (PT-SP), que também integra a coordenação da campanha, disse que é importante que o eleitor denuncie qualquer tentativa de compra de votos. “Voto não tem preço, tem conseqüências”, afirmou.

Os “perfis” dos eleitores e candidatos

Os cartazes da campanha, que serão expostos nos órgãos públicos, satirizam os vários tipos de candidatos e de eleitores. Os candidatos são classificados em cinco tipos. Entre eles:

1 – urso: aquele que em campanha abraça todo mundo, mas depois de eleito só quer saber de hibernar e de pegar para si os favos de mel;

2 – porco: o que suja a cidade com a sua estampa, polui o ar gritando o seu nome e, para ganhar o voto, esconde a lama na qual gostaria de viver; e

3 – cidadão (o tipo correto): aquele que tem história de vida limpa, espírito público e honestidade, não troca de partido por conveniência e defende o voto consciente.

Os eleitores também são classificados em cinco tipos, entre os quais:

1 – avestruz: o que enfia a cabeça em sua própria vida, ignora a realidade e, mesmo sem querer, ajuda os políticos corruptos;

2 – formiga: só vê o lado doce, vota apenas em quem lhe faz agrados e não cobra o compromisso pelo bem comum; e

3 – cidadão (o tipo correto): vota com a razão e a convicção, sabe que seu voto é capaz de mudar a sociedade e pensa sempre no interesse coletivo.

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